Vale vê Xstrata como alvo, mas não agora, diz fonte
22/10/08
Por Denise Luna
RIO DE JANEIRO (Reuters) – Apesar de ter dado por encerrado o capítulo Xstrata em abril, a Vale poderia sim voltar a fazer uma nova oferta pela mineradora anglo-suíça, depois da crise ter reduzido o valor de mercado da Xstrata como ocorreu com várias outras companhias, disse uma fonte da Vale que participou das conversas para uma possível união das empresas no início do ano.
O problema, segundo a fonte, é se os acionistas da Xstrata iriam aceitar.
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“Você vê o valor da Xstrata hoje, está abaixo de 20 bilhões de dólares. Eu acho que seria muito difícil a Vale fazer uma proposta que os acionistas controladores da Xstrata aceitem”, disse a fonte que pediu para não ser identificada.
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A Vale negou em comunicado que estaria novamente preparando alguma proposta de compra.
“A companhia Vale do Rio Doce (Vale) nega e considera infundadas notícias de que estaria em negociações ou realizando oferta para aquisição total ou parcial do capital da Xstrata Plc.”, informou a empresa brasileira em breve nota.
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A Vale recebeu garantia de um pool de bancos no início do ano para uma linha de crédito de aproximadamente 50 bilhões de dólares visando a aquisição da Xstrata, acordo desfeito no início de abril após as conversas entre a Vale e os acionistas do alvo de compra fracassarem.
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Além do preço, Vale e Xstrata divergiam sobre os direitos de comercialização dos produtos da empresa resultante. A principal acionista da Xstrata, a trading Glencore, gostaria de manter ou até ampliar os direitos que já possuía.
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Em agosto, a Vale captou cerca de 12 bilhões de dólares no mercado, levando a novas especulações de compra.
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“Ela está com 12 bilhões no caixa, mas para manter o programa de investimentos que ela tem, e o mercado apertado como está, não acho que é hora de compra, mesmo com preço atrativo”, disse o analista Pedro Galdi, da corretora SLW.
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Segundo a fonte da Vale no entanto, se a mineradora brasileira e os acionistas da Xstrata chegarem a um acordo, seria uma aquisição positiva para a companhia.
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“(A Xstrata) continua sendo uma excelente empresa, seria ótimo para a Vale se a essa altura a gente achasse um preço bom para a Vale e para eles (acionistas da Xstrata) também”, avaliou a fonte.
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Ele explicou que na época da oferta da Vale a Xstrata valia cerca de 50 bilhões de dólares, “mas chegou perto de US$60 (bilhões) nas negociações”, e hoje o valor de mercado da companhia, abatida pela crise como a maioria das mineradoras, estaria “entre 16/17 bilhões de dólares”.
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“Sem sombra de dúvidas a empresa (Xstrata) vale a pena, não acho que seja impossível, não sei se estamos de novo tendo contato, mas pode ser que a gente tenha aí de novo a oportunidade”, disse a fonte ao ser questionada se é possível uma nova oferta.
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Segundo ela, apesar do plano de investimentos da Vale para 2009 ter sido anunciado em torno dos 14 bilhões de dólares, um número considerado ousado pelo mercado, a empresa está confiante que a crise é de curto prazo e o setor continuará aquecido.
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Já sobre o ajuste para 2009, a fonte disse considerar prematuro qualquer estimativa, “porque ninguém tem a mínima idéia do que vai acontecer ano que vem, em nada, não dá para fazer previsão”, concluiu.
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Confirmou, no entanto, que algumas empresas japonesas e outras chinesas já teriam aceito o aumento adicional para o minério de ferro este ano.
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“Soube que na China algumas empresas estão pagando…no Japão várias já pagaram”, afirmou.
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Surpresa com os rumores da volta do interesse da Vale pela Xstrata, a analista Juliana Chu, do BES Securities, avaliou que este não seria o melhor momento para a compra.
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“A Vale (até) pode fazer esse movimento (de compra de ativos). Se é Xstrata eu não sei, porque pelo que entendo a janela da Xstrata fechou”, disse a analista referindo-se ao anúncio da Vale em abril.
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Ela ressaltou que o cenário ainda pode ser considerado instável e que este não seria o melhor momento para aquisição.
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Para Pedro Galdi, apesar de poder ser um bom negócio, o momento não é oportuno.
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“Mesmo com preço atrativo acho que não seria o momento. O Roger (Agnelli, presidente da Vale) disse recentemente que o cenário está muito complicado e admitiu até postergar projetos. É uma questão de bom senso”, afirmou, lembrando que se a Xstrata perdeu valor de mercado, a Vale também perdeu.
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Por volta das 15h30 (horário de Brasília), as ações preferenciais da Vale subiam 0,15 por cento, cotadas a 26,14 reais. Os papéis da empresa perderam quase metade do valor nas últimas semanas.
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Em Londres, os papéis da Xstrata subiam 3,28 por cento por volta do mesmo horário, depois de terem se elevado 10 por cento em momentos anteriores da sessão.
MSN Notícias / Reuters