Vale vê potencial limitado de expansão na Rússia
14/02/07
MOSCOU (Reuters) – A Companhia Vale do Rio Doce, maior produtora mundial de minério de ferro, estuda parcerias com siderúrgicas na Rússia, mas não considera o país essencial à sua expansão, disse um de seus principais executivos na quarta-feira.
Peter Poppinga, diretor-gerente da CVRD International S.A., disse em uma conferência do setor que as siderúrgicas russas já estão reduzindo suas exportações para atender uma grande parte da crescente demanda interna.
“Há algumas oportunidades em termos de aquisições, mas não temos uma estratégia especifica de sermos um grande `player` na CIS (Comunidade de Estados Independentes, formada por algumas ex-repúblicas soviéticas)”, afirmou.
“Se formos procurados por siderúrgicas da CIS que queiram parcerias, estamos prontos a estudá-las, e estamos estudando uma ou duas delas. (Mas) não vemos nenhuma necessidade de olhar para a CIS como se fosse uma nova China para nós.”
A Vale pretende investir neste ano 6,3 bilhões de dólares na ampliação de suas atividades no mundo inteiro, incluindo Brasil. No ano passado, a ex-estatal entrou no mercado de níquel ao adquirir a mineradora canadense Inco e se tornou a segunda maior mineradora integrada do mundo.
A Rússia é o quarto maior produtor mundial de aço. Três das quatro maiores siderúrgicas russas produzem seu próprio minério de ferro. A outra importa do Cazaquistão. Poppinga citou dados do setor, segundo os quais a Rússia produziu 70,6 milhões de toneladas de aço e exportou 32,1 milhões de toneladas em 2006.
“Se a Rússia antes exportava cerca de 70 por cento da produção, agora as exportações estão na faixa dos 50 por cento”, disse Popping na conferência, organizada pelo Instituto Adam Smith.
Os principais responsáveis pelo aumento da demanda, segundo ele, são a construção civil e a indústria automotiva. “Vemos um deslocamento dos fabricantes europeus de veículos em direção ao Leste.”
Poppinga estimulou os recém-chegados ao setor do minério de ferro, inclusive as empresas russas, a cumprirem preços fixados nas negociações anuais entre mineradoras e siderúrgicas.
“Sentamos juntos, cara a cara. Não há especulações. Só há negociações. Ninguém no mundo ocidental deseja ter negociações mensais de preços, e não acho que seja do interesse dos recém-chegados abalar o sistema de preços.”
A Vale e as siderúrgicas chinesas definiram um aumento de 9,5 por cento nos preços para 2007, enquanto o preço das pelotas, um estágio de maior valor agregado do minério, teve alta de 5,28 por cento.
“A China demonstrou uma atitude muito madura resolvendo antecipadamente e está se tornando rapidamente um grande parâmetro para o mercado”, disse Poppinga.
Reuters