Vale vai ao Oriente Médio e à Colômbia processar alumínio
03/03/08
A Vale está procurando locais para instalar unidades para produção de alumínio fora do Brasil, uma vez que o País, apesar de possuir reservas de bauxita em abundância, não tem energia suficiente para novos projetos.O presidente da mineradora, Roger Agnelli, afirmou na última sexta-feira que já está em conversações com o governo colombiano e com países do Oriente Médio para a instalação dos projetos. “Podemos instalar um smelter na Colômbia, combinando geração hídrica com térmica. E no Oriente Médio, em que usaríamos energias a gás. A idéia é usar bauxita e alumina brasileiras, processá-las nesses países e exportar”, disse.Agnelli explicou que o Brasil possui muitas reservas de bauxita de alta qualidade, o que traz um grande potencial de crescimento da produção. No ano passado, a Vale produziu 4,7 milhões de toneladas métricas, superando em cerca de 17% o volume de 2006. Neste ano está previsto o início das operações de Paragominas II, que elevará a capacidade de produção da mina de Paragominas para 9,9 milhões de toneladas métricas.Também em 2007 a Mineração Rio do Norte (MRN), empresa da qual a Vale possui 40% do controle, bateu recorde de produção de bauxita: foram 18,06 milhões de toneladas, cerca de 80% da produção brasileira.Mas apesar da produção forte de bauxita, o Brasil encontra dificuldades em transformar o alumínio por conta da escassez de energia. “Pelo potencial que temos de bauxita, para ampliarmos a produção desses produtos precisaríamos de mais energia. Por enquanto, não estamos desenvolvendo esses projetos porque não temos a energia firme para podermos trabalhar a longo prazo”, explicou Agnelli.Além dos projetos de alumínio, uma possível falta de energia pode atrapalhar outros projetos da Vale. Agnelli frisou que a Vale inaugurou, somente no governo Lula, oito usinas hidroelétricas no Brasil. E lembrou que estuda ainda a construção de mais três usinas térmicas. “Tem a usina de Barcarena, no Pará, cujas licenças ambientais de instalação já temos. Mas além dela queremos construir uma térmica a carvão no Maranhão e uma no Rio de Janeiro ou no Ceará. Ainda estamos estudando”, disse.O presidente também lembrou que as usinas a carvão, apesar de muito poluentes, são menos nocivas ao ambiente que o óleo diesel. “Já há tecnologias avançadas que diminuem a emissão de poluentes do carvão”, explicou.RecordesO lucro líquido de 2007 da Vale, divulgado na última quinta-feira, foi o maior da história da companhia e um dos maiores entre as empresas de capital aberto do País nos últimos 22 anos – retirando-se a estatal Petrobras. A empresa arrecadou R$ 20 bilhões no ano, elevando em 49% o resultado do ano anterior.A receita bruta da Vale chegou a R$ 66,3 bilhões, dos quais R$ 17,2 bilhões partiram das atividades da Inco. Com a aquisição da empresa canadense, o níquel já responde por cerca de um terço das vendas da Vale.Agnelli ressaltou que a Inco pagou US$ 2,2 milhões em dividendos. Segundo as suas estimativas, a aquisição da Inco, realizada no último trimestre de 2006, será paga nos próximos 18 a 20 meses.A mineradora brasileira obteve lucro de R$ 4,4 bilhões no quarto trimestre de 2007, alta de 29,4% em relação ao lucro de R$ 3,4 bilhões obtido no último trimestre do ano anterior.O lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações, (Ebitda), caiu para R$ 6,43 bilhões de outubro a dezembro do ano passado, contra R$ 7,96 bilhões no mesmo período de 2006.A receita bruta da companhia atingiu R$ 66,4 bilhões em todo o ano passado, a mais elevada da sua história, contra R$ 46,7 bilhões em 2006.Além disso, a Vale alcançou recorde de produção em nove diferentes produtos: minério de ferro, pelotas, níquel, cobre, bauxita, alumina, alumínio, caulim e cobalto. Com isso, a companhia reafirmou sua posição de maior produtora mundial de minério de ferro, segunda maior de níquel e uma das maiores em caulim, cobalto, ferro ligas e alumina.Agnelli também se mostra otimista em relação aos resultados deste ano. “2007 só vai ser pior que 2008. Nós vamos crescer muito este ano”, disse o executivo. Ele também destacou os investimentos da Vale. “Fizemos os investimentos certos na hora certa”, disse.
DCI