30/03/09

Maputo (Moçambique), 30 de Março de 2009 – Assim como as empresas chinesas, a Vale decidiu crescer na África. Durante o lançamento do projeto de carvão em Moatize, província de Tete, em Moçambique, o presidente da companhia, Roger Agnelli, citou pelo menos cinco países novos do continente onde a empresa não estava presente.
Agnelli esteve em Moçambique na semana passada para a inauguração da construção de um projeto de carvão no valor de U$ 1,3 bilhão, com uma capacidade de produzir 11 milhões de toneladas de carvão por ano.
A mineradora brasileira iniciou pesquisas no Egito, Congo, Zâmbia, Namíbia e Mauritânia, nações que não constam, por enquanto, do mapa de suas operações divulgado pela empresa. E continua presente em Guiné, África do Sul, Moçambique e Angola.
No solo angolano, a Vale busca minerais numa área de 250 mil quilômetros quadrados, onde poderá encontrar cobre e “tudo o mais”, como definiu Agnelli.
No Egito, a Vale procura potássio, um dos insumos para fertilizantes, também encontrado no Peru pela empresa. No Congo pode haver cobre. O alvo na Guiné é a bauxita, matéria-prima do alumínio. O potencial da África do Sul pode ser o manganês.
Em Moçambique, onde procura várias substâncias, a Vale não está sozinha. São mais de 20 empresas, segundo o governo. O presidente Armando Guebuza ressaltou que o país vai deixar de crescer 7% ao ano por causa da crise, mas projeta um aumento de 5,5% e a continuidade de investimentos de empresas estrangeiras. “Queremos atrair ainda mais investimentos”, disse ele a jornalistas brasileiros.
“Moatize é o nosso grande primeiro projeto da África. Estamos fazendo estudos, procurando novas alternativas de investimentos”, afirmou Agnelli. Em duas frentes, o executivo justificou a continuidade do apetite da mineradora mesmo em tempos de crise. Primeiro, a companhia faz apostas e investimentos de longo prazo. E, para o curto prazo, o executivo diz que pode haver recuperação da demanda breve. “Nós podemos ter uma surpresa em breve. A cada dia que passa, vemos uma pequena melhora.” Segundo ele, a reação das vendas de minério começaram em janeiro, melhoraram um pouco em fevereiro e “talvez mais um pouquinho em março”.
Para Agnelli, não era sustentável ter Europa, Estados Unidos e Ásia crescendo juntos, o que foi interrompido pela crise.
A Vale, neste ritmo, deve manter os mais de cinco mil funcionários que voltarão da licença remunerada em maio. Roger Agnelli disse que a empresa planeja fazer remanejamento desses empregados para projetos novos, que precisam de mão-de-obra, como Onça Puma (um projeto de níquel no Pará) e outros.
“Não queremos demitir pessoas em quem investimos”, disse. Mas ele não descartou a possibilidade de cortar funcionários, caso a crise se intensifique. “É possível mas não é provável”, contou. O discurso sobre a recuperação da economia começou positivo mas terminou menos otimista. Segundo Agnelli, a China continua comprando – comprou 30% a mais em minério nos últimos meses.
Mas a Europa, por sua vez, está derrubando as vendas, da mesma maneira que o Brasil. Estocadas, as siderúrgicas brasileiras estariam comprando apenas 10% do que era comprado no ano passado, movimento que deve se reverter com o fim dos estoques, segundo fontes.
A ministra de Recursos Minerais de Moçambique, Esperança Bias, afirmou que, além da Vale, gigantes como a Mittal, Tata e BHP estão no país em busca de minérios. Odebrecht e Camargo foram contratadas pela Vale para as obras do projeto de Moatize. E investidores como a australiana Riverdale investem em energia.
(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 12)(Sabrina Lorenzi – A jornalista viajou a conviteda Vale)

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