Vale pretende ser parceira do governo em urânio
10/08/07
Pela Constituição, exploração do minério é monopólio da União A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) está disposta a fazer parcerias com o governo para explorações de urânio no País, afirmou nesta quinta-feira o diretor-executivo de Finanças da empresa, Fabio Barbosa. O urânio, um dos principais insumos para a geração de energia nuclear, é uma das apostas mais recentes da empresa, que firmou recentemente acordo para exploração do minério na Austrália. No Brasil, no entanto, para colocar seus planos em prática, a mineradora terá de esperar por mudanças constitucionais, uma vez que a lavra do urânio é monopólio da União. `A exploração de urânio é área em que estamos em outros lugares do mundo, mas aqui, na nossa casa, infelizmente não podemos trabalhar. O governo tem mostrado-se muito sensível em relação ao assunto e sabe da nossa vontade de trabalhar. Se necessário, poderíamos trabalhar juntos. Vemos isto como oportunidade para o País. Podemos ser parceiros`, disse o executivo durante encontro promovido pela Associação de Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capital (Apimec) , realizada em Belo Horizonte. Em julho, a Vale acertou com a empresa australiana Dioro Exploration acordo para o desenvolvimento e exploração de urânio em dois projetos da companhia: Kunderong e Kennedy, ambos localizados no Oeste da Austrália. De acordo com os termos do contrato, a CGRD vai desembolsar 4 milhões de dólares australianos (cerca de R$ 6,48 milhões) pelos próximos quatro anos, o que lhe dará o provento de 60% sobre os direitos do urânio, com retirada mínima de 800 mil dólares canadenses (R$ 1,296 milhão). `O urânio é insumo altamente estratégico. É importante desmistificar o que é a energia gerada pelo urânio. Vários países da Europa têm usinas nucleares com padrões de segurança bastante elevados. Dada a escassez dos insumos energéticos, vamos ter de importar, mas o Brasil pode ser supridor desta matéria-prima. É importante que haja controle e regulamentação. Se é possível que em outros países do mundo empresas privadas explorem o urânio, é sinal de que há formas de se estabelecer arcabouço para que o mesmo seja feito no Brasil`, acrescentou o executivo. Sexto no mundo De acordo com dados das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o Brasil possui a sexta maior reserva geológica de urânio no mundo, o que permite o suprimento das necessidades domésticas a longo prazo e o fornecimento do excedente para o mercado externo. Estudos de prospecção e pesquisas geológicas foram realizadas em apenas 25% do território nacional. O País tem ocorrências uraníferas associadas a outros minerais, como as encontradas nos depósitos de Pitinga, no Estado do Amazonas, e área de Carajás, no Estado do Pará, com potencial adicional estimado de 150 mil toneladas. É justamente em Carajás que a Vale detém sua maior reserva de minério de ferro. Os maiores centros produtores de urânio no Brasil estão localizados em Caldas (MG), Lagoa Real (BA) e Santa Quitéria (CE).
Jornal do Commércio – RJ