Vale não investe mais ainda por restrições de equipamentos e de mão-de-obra especializada e por atrasos na licença ambiental
16/10/07
A restrição na oferta de equipamentos e de mão-de-obra especializada e a demora no licenciamento ambiental foram fatores limitantes para que a Companhia Vale do Rio Doce aumentasse ainda mais o investimento anunciado para 2008, de US$ 11 bilhões. `Nosso investimento foi limitado por questões físicas, não por questões financeiras?, declarou o presidente da Vale, Roger Agnelli, em entrevista coletiva na Bolsa de Valores de Nova York. Na semana passada, a Vale anunciou que planeja investir US$ 59 bilhões de dólares até 2012. `Nosso investimento em 2008 não foi limitado por um elemento financeiro, mas por questões técnicas, de engenharia ou equipamento e trabalhistas, além da questão de obtenção de licenças ambientais`, disse Agnelli. Segundo ele, a infra-estrutura, como estradas e energia, é questão-chave em alguns projetos de mineração e boa parte do investimento será usada na melhora da logística em portos e estradas. Apesar dos pesados investimentos que tem feito para o aproveitamento das enormes reservas de bauxita existentes no Pará, Roger Agnelli ressaltou que a produção do alumínio está limitada pela oferta de eletricidade, o que leva a empresa a estudar alternativas na América do Sul e na África que justifiquem um projeto de alumínio. O presidente da Vale destacou que a empresa vai investir US$ 475 milhões em proteção e conservação do meio ambiente em 2008, ante os US$ 375 milhões programados para este ano. Dos US$ 59 bilhões previstos para até 2012, cerca de US$ 2,8 bilhões (equivalente a 5%) serão destinados à proteção ambiental.
O ferro de Carajás Em 1985, quando a mina de ferro da Serra Norte em Carajás, no sudeste do Pará, começou a operar, sua produção era de 35 milhões de toneladas anuais. Hoje, já tem capacidade para produzir 100 milhões de toneladas por ano e já está em obras para chegar a 130 milhões, o que deverá ocorrer no segundo semestre de 2009. Mas o empenho da Companhia Vale do Rio Doce em extrair cada vez mais minério de ferro de Carajás não pára por aí: em 2008 ela dará início ao maior projeto greenfield da história da empresa e o maior projeto de minério de ferro do mundo, na Serra Sul. A Vale aproveita o momento de forte demanda mundial pelo minério, principalmente dos países asiáticos, à frente a China. Em razão disso, pelo quarto ano consecutivo a mineradora brasileira deverá obter reajuste no preço do ferro, algo entre 20% e 35%, garantindo recursos para os pesados investimentos que precisa realizar em Carajás, que nos próximos dias alcançará a expressiva marca de 1 bilhão de toneladas de minério de ferro produzidas. O investimento para ampliar sua produção na serra Norte em mais 30 milhões de toneladas, por exemplo, será de US$ 2,478 bilhões, sendo US$ 1,165 bilhão somente em 2008. A ampliação compreende investimentos na instalação de uma nova usina, composta de britagem primária e unidades de beneficiamento e classificação, além de ativos de logística ? como viradores de vagões, pátios e terminais. Mas o maior investimentos será feito na Serra Sul de Carajás: nada menos que US$ 10,094 bilhões, para instalar uma capacidade de produção de 90 milhões de toneladas de minério de ferro anuais. Paralelamente ao investimento na nova mina serão construídos uma usina de beneficiamento com três módulos de 30 milhões de toneladas por ano cada, um ramal ferroviário com extensão de 104 quilômetros, ligando a Estrada de Ferro de Carajás (EFC) à Serra Sul, e mais o quarto píer do terminal marítima de Ponta da Madeira, em São Luís do Maranhão, com novos viradores de vagões, carregadores de navios e linha de embarque e duplicação de 546 quilômetros da própria EFC. Para 2008 Serra Sul já terá US$ 145 milhões e o projeto deve entrar em operação no primeiro semestre de 2012. Esses dois projetos no Pará serão fundamentais para a Vale do Rio Doce alcançar a marca de 450 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, o que deverá ocorrer em 2012. Em 2003 a empresa produzia 186 milhões de toneladas e em 2007 atinge a marca de 300 milhões.
Pará Negócios