Vale minimiza disputa com ArcelorMittal por jazida em Minas Gerais
10/08/07
Belo Horizonte, 10 de Agosto de 2007 – O diretor executivo de finanças da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Fábio Barbosa, minimizou ontem, em Belo Horizonte, a disputa que a empresa trava com o grupo siderúrgico ArcelorMittal pelo gerenciamento de uma jazida de minério de ferro de propriedade desta última companhia, localizada no município de João Monlevade, a cerca de cem quilômetros a leste de Belo Horizonte. `Estamos discutindo o assunto e iremos resolver amistosamente o conflito. A Mittal é nossa principal cliente em todo o mundo e isso cria a necessidade de relações duradoura entre as duas partes`, disse. Em 2004, a Arcelor, então proprietária da jazida denominada Andrade, a 12 quilômetros de distância da sua siderúrgica Belgo Mineira (hoje ArcelorMittal Belgo), decidiu arrendar a mina para a Vale, com o propósito de concentrar sua atenção apenas na produção de aço. O contrato previa que, a partir de janeiro de 2005, a concessionária passaria a ser responsável pela operação da mina por um período de dez anos. Mas agora, três anos após a assinatura do contrato e com o preço do minério subindo de US$17 para US$ 45 por tonelada, o grupo estrangeiro está requisitando a mina de volta, alegando que a Vale descumpriu cláusulas contratuais. Em apresentação na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais de Minas Gerais (Apimec-MG), Barbosa informou que a companhia vai praticamente duplicar sua produção de minério dentro de quatro anos, quando passará a extrair 450 milhões de toneladas por ano no País. `Apesar desse enorme crescimento, a demanda ainda será maior que a produção.` O executivo disse que a expansão econômica mundial mostra-se duradoura e talvez seja tão extensa quanto a que ocorreu logo após a II Guerra Mundial, que se estendeu por 25 anos. `Toda a nossa produção se baseia em encomendas e até o momento não recebemos nenhuma orientação para reduzir o programa de embarque nos próximos anos.` A Vale pretende investir pelo menos US$ 3,5 bilhões em 2008 no País, iniciativa que posicionará novamente a companhia como a empresa privada que mais investe no Brasil. Embora não tenha se referido diretamente a um grande número de novas empresas, algumas estrangeiras, que estão adquirido jazidas de minério de ferro em Minas Gerais, Fábio Barbosa advertiu essas mineradoras para problemas que, na condição de iniciantes, elas talvez desconheçam. Ele lembrou que a mineração é atividade que exige o uso de capital intensivo e que, no momento, há grande escassez na oferta de equipamentos e isso pode ser um enorme gargalo. `Somos o maior cliente da Caterpillar no mundo e é difícil imaginar que possamos ser preteridos na aquisição de um caminhão fora de estrada. Somos também o maior cliente da General Electric e é difícil pensar que seremos preteridos na aquisição de locomotivas.` O dirigente lembrou também que os grandes compradores exigem não apenas produtos de qualidade, mas confiabilidade de suprimentos. Empresas com uma única mina, na sua visão, teriam menores alternativas para garantir a entrega do produto.
Gazeta Mercantil