Vale já pratica novos preços em metade das vendas para China
29/07/09
A China ainda não aceitou a queda no preço do minério de ferro já acertado pela Vale com quase todas principais siderúrgica do mundo. Mas o diretor executivo de Ferrosos da mineradora brasileira, José Carlos Martins, revelou que a companhia já pratica os novos preços em metade das vendas para os chineses.
?Existe uma aceitação tácita, mas não existe uma aceitação oficial?, afirmou. E completou: ?O mercado está buscando seu caminho. As empresas precisam de minério?, afirmou. Segundo ele, as siderúrgicas que não querem sancionar os novos preços estão comprando o mercado spot. Nas últimas semanas, a Associação de Ferro e Aço da China (Cisa) tem orientado seus membros, a maior parte deles grandes siderúrgicas controladas pelo governo, a não fechar acordos diretamente com as mineradoras.
Desde junho, a Vale acertou com siderúrgicas na Europa, Japão e Coreia do Sul uma redução entre 28,2% e 44,47% no preço de referência do minério de ferro nos contratos de longo prazo.
Mas a China exige uma redução maior, na casa dos 40% a 50%, para compensar os sucessivos aumentos que aceitou durante o último ciclo de alta do minério, que durou de 2003 a 2008. Nesse período, o insumo fornecido em contratos de longo prazo para a China teve seu preço elevado em cerca de 330%. Hoje, o poder de barganha do país é grande, por ser o único mercado a registrar aumento na demanda por minério de ferro. No primeiro trimestre, a China respondeu por quase 67% de toda a venda feita pela Vale. ?Você vende para quem quer comprar?, disse. Martins admitiu que o melhor seria a companhia hoje ter um portfólio de destino de vendas mais diversificado, como era antes do agravamento da crise global.
Mas, ressalta que as concorrentes australianas, vivem uma dependência ainda maior do que a Vale em relação à China. ?A Austrália vende 80% para a China?, afirmou. Segundo Martins, os clientes vão acabar migrando para o preço de referência já fixado com o restante do mundo. Ele lembra que o preço hoje negociado no mercado spot já está acima do valor dos contratos de longo prazo. ?Nossa expectativa é de que a realidade do mercado acabe a aceitando a realidade dos novos preços. Mas, não temos a menor influencia nisso. Porque deixamos os australianos a frente disso?, concluiu.
Agência Estado / Brasil Infomine