Vale investe mais em usinas, porto de Tubarão e ferrovia
02/08/07
Depois de divulgar um lucro extraordinário de R$ 10 bilhões no semestre, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) anunciou ontem que investirá, até o final de 2008, US$ 700 milhões no setor de pelotização, Porto de Tubarão e Estrada de Ferro Vitória a Minas. Serão US$ 300 milhões no setor de pelotização, outros US$ 300 milhões na área portuária e US$ 100 milhões na ferrovia. A empresa pretende, com esses investimentos, ampliar sua capacidade de transporte de minério pela ferrovia e a capacidade do Porto de Tubarão para exportação de minério e pelotas. Serão instalados um novo carregador de navios, virador de vagões, além de melhorias nas sete usinas que produzem pelotas de minério. As informações são do diretor de pelotização da Vale no Estado, Marcone Viana. No primeiro semestre deste ano, a Vale embarcou 16 milhões de toneladas de minério e pelotas pelo Porto de Tubarão a um preço médio de US$ 77 a tonelada. Os investimentos previstos garantirão maior capacidade de produção e embarque no complexo de Tubarão. Gás. A partir de setembro, a empresa espera que todas as sete usinas de pelotização passem a funcionar com gás natural, em substituição ao óleo combustível utilizado, “o que reduzirá sensivelmente a emissão de CO2”, afirmou Viana. O uso do gás será possível a partir do aumento do fornecimento por parte da Petrobras, que está em vias de inaugurar o novo gasoduto ligando Cacimbas (Linhares) a Vitória. Hoje, as duas usinas próprias da Vale já funcionam 100% com gás natural. Outras duas usinas, que são parceria da Vale com outras empresas, utilizam apenas 25% de gás, e outras três utilizam somente óleo combustível. A previsão é de que o consumo das sete usinas chegue a 1,3 milhão de m3 por dia de gás natural. Hoje, o uso chega a 480 mil m3/dia de gás. Meio ambiente. A redução na emissão de CO2 é um dos objetivos dos investimentos que a empresa está fazendo na área ambiental, garante Viana. Serão investidos R$ 252 milhões até 2009, inclusive na compra de equipamentos para reduzir a emissão de gases e de partículas de minério (chamado, popularmente, de pó preto). Além dos investimentos já confirmados, o presidente da Vale, Roger Agnelli confirmou ontem, em entrevista coletiva para anunciar os resultados do semestre, que a companhia está otimista com a parceria firmada com a chinesa Baosteel para a construção de uma nova siderúrgica em Ubu, Anchieta. Ele reafirmou que o investimento no Estado significa o abandono do projeto de uma siderúrgica conjunta no Maranhão. Minério 330 milhões – É quanto a Vale estima produzir em toneladas de minério, em 2008, afirmou ontem o presidente da empresa, Roger Agnelli. Falta de mão-de-obra qualificada atrasa projetos As grandes empresas — mais atraentes para quem está em busca de emprego — enfrentam, no país, problemas sérios com a falta de mão-de-obra qualificada e certificada. Este é um dos motivos, segundo o presidente da CVRD, Roger Agnelli, para que alguns projetos sofram atrasos “no país e até mesmo no mundo”. Além da falta de trabalhadores qualificados, outros motivos causam preocupação aos executivos. “Faltam empresas certificadas na área de construção, faltam equipamentos, e temos ainda os problemas enfrentados com a demora nos processos de licenciamento ambiental”, afirmou Agnelli. A situação não é diferente no Espírito Santo, segundo o diretor de pelotização da companhia, Marcone Viana. “Há falta de profissionais da área de engenharia, principalmente de Minas e Metalurgia, sem falar em profissionais da área técnica como soldadores, mecânicos, eletricista, ajustadores e outros”, afirmou ele. Papel. Viana ressaltou que o projeto do governo do Estado e de instituições de ensino, além da ONG Espírito Santo em Ação são importantes. Pelo menos 700 profissionais das áreas técnicas deverão ingressar no mercado de trabalho em 2007 e 2008 e estão sendo formados por cursos estruturados por ações conjuntas com as empresas. “Mas não são suficientes para atender à demanda”, disse Viana. Ele citou o exemplo da própria Vale, que, neste ano, contratou 90% dos estagiários do projeto Menor Aprendiz neste ano. É um índice alto, segundo ele, e mostra que o crescimento do Estado só será possível com a formação de mão-de-obra qualificada. Vale não descarta parcerias em Ubu A viabilização da parceria da CVRD com a chinesa Baosteel para a construção de uma siderúrgica em Ubu, no novo pólo industrial de Anchieta, só foi possível, segundo Roger Agnelli, devido à “agilidade extraordinária” do governo do Estado. O projeto prevê a instalação de uma siderúrgica com capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de aço por ano. Agnelli e o diretor de pelotização da Vale no Estado, Marcone Viana, acreditam na possibilidade de novas parcerias da Vale com outras empresas. Segundo Agnelli, a Vale quer atrair empresas do segmento para o país, “porque é mais interessante fornecer minério para empresas instaladas em território nacional”. O grupo japonês JFE Steel já manifestou interesse em também instalar uma siderúrgica no Norte.
A Gazeta / Vitória