Vale do Rio Doce muda foco de investimentos em logística
02/02/07
Os gargalos nos portos brasileiros e as boas perspectivas do mercado internacional de minério de ferro e commodities metálicas fizeram a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) mudar o foco dos seus investimentos em logística em 2007.
Em vez de injetar a maior parte dos recursos na infra-estrutura direcionada para atendimento a terceiros, como tem feito nos últimos anos, a companhia vai privilegiar os investimentos nos corredores logísticos que atendem sua produção de minério e metais. Dessa forma, explica o presidente da Vale, Roger Agnelli, a empresa poderá otimizar o escoamento de sua produção num momento em que o nó nos terminais públicos portuários limita o avanço no transporte de carga geral (serviço para terceiros). Para 2007, estão orçados US$ 720 milhões sob a rubrica logística, pouco mais que os US$ 649 milhões executados em 2006.
?O gargalo da logística está nos portos. Não adianta investir em ferrovias se no final da linha não há investimento?, afirmou Agnelli, durante a apresentação dos investimentos da companhia em 2007. Como a Vale opera com terminais portuários privados, o investimento para escoamento da sua própria produção não esbarra nessas limitações. Segundo o executivo, o pacote de medidas anunciado pelo governo para promover o crescimento, o PAC, é visto com bons olhos, pois deu prioridade aos investimentos em logística, mas a regulamentação e as autorizações ambientais necessárias às obras nos portos ainda levarão tempo. Para o executivo, o plano deve ajudar na aceleração do crescimento, mas ressaltou que ainda existem entraves, como a taxa de juros e a apreciação do real frente ao dólar.
Desde 2001, a Vale tem investido pesadamente em logística para atender terceiros. De lá para cá, o crescimento do volume transportado de carga geral, medido em toneladas por quilômetro útil (tku), foi de 28,7%, atingindo 27,3 milhões de tkus em 2006. Entretanto, no mesmo período, a produção de minério de ferro, principal atividade da companhia, cresceu bem mais: 97%, alcançando 264 milhões de toneladas no ano passado.
Norte e Sudeste
Dos US$ 720 milhões previstos, US$ 337 milhões serão destinados ao corredor Norte, que abrange as atividades nos estados do Pará e Maranhão. O volume de recursos vai contemplar a ampliação da capacidade da Estrada de Ferro de Carajás e do terminal de Ponta da Madeira, no Maranhão. Em ambos os casos os investimentos vão sustentar a expansão da mina de Carajás, que este ano vai chegar a 100 milhões de toneladas e poderá alcançar 130 milhões de toneladas em 2008. Esta última ampliação depende ainda da aprovação do Conselho de Administração da empresa.
No Sudeste, os investimentos de US$ 65 milhões serão direcionados à ampliação de capacidade da Ferrovia Vitória-Minas e do porto de Tubarão (ES). De acordo com Agnelli, os recursos visam otimizar o escoamento da produção das minas e plantas de pelotização localizadas em Minas Gerais e Espírito Santo. A Vale tem um grande projeto de expansão de minério no Sudeste, o de Fazendão (MG), que vai chegar a 15,8 milhões de toneladas em 2008. Está prevista também a construção de uma planta de pelotização de 7 milhões de toneladas em Itabiritos (MG), a ser iniciada também em 2008, e uma pelotizadora em Ubu (ES). Esta última é um projeto da Samarco, da qual a Vale tem 50%.
Também estão previstos US$ 64 milhões para aquisição de vagões e locomotivas. O valor é bem inferior ao orçado em 2006, quando a mineradora aplicou US$ 379 milhões na compra de 22 locomotivas e 1.426 vagões. O decréscimo, no entanto, já era esperado devido aos altos investimentos nos últimos anos na renovação e expansão da frota, que agora já não necessita de muitos recursos. Os demais investimentos em logística estão sendo detalhados pela diretoria da empresa.
Biodiesel
Além dos investimentos em expansão da frota, a companhia mineradora está investindo em um combustível menos poluente. Esta semana, as locomotivas e caminhões, além de usinas de geração elétrica da Vale começaram a usar biodiesel fornecido pela Petrobras em substituição a combustíveis fósseis. O contrato, firmado em 2006, prevê a compra de 20 milhões de litros por ano. Inicialmente, o combustível vai substituir 2% do diesel consumido. O consumo de diesel da Vale é de 1 bilhão de litros por ano. A substituição de 2% evitará a emissão de 51 milhões de toneladas de gás carbônico para a atmosfera a cada ano. De acordo com Agnelli, a Vale poderá substituir até 20% ou 30% de seu combustível por biodiesel, desde que o desempenho das locomotivas não seja comprometido.
DCI