Vale diz que pode faltar minério por causa da demanda chinesa
01/06/07
A demanda aquecida por minério de ferro na Ásia, no Leste Europeu e no Oriente Médio pode provocar escassez do produto e afetar a negociação dos preços que se inicia em novembro, segundo o diretor-executivo de finanças e relações com investidores da Vale do Rio Doce, Fábio Barbosa. De acordo com o executivo, a discussão dos preços da commodity precisa refletir o estado do mercado em relação à demanda e oferta futuras.Segundo ele, não há sinais de que o mercado possa desacelerar nos próximos anos. Além da China, ele destacou que a Índia tem uma perspectiva muito positiva para o futuro em relação à demanda por aço e metais. `É mais provável que o mundo enfrente problemas de oferta de minério, energia e infra-estrutura do que de demanda por matéria-prima`, afirmou, em reunião com analistas.O aumento da demanda por minério de ferro garantiu à Vale do Rio Doce e às outras mineradoras altos reajustes nos preços nos últimos anos. As conseqüências disso foram lucros cada vez maiores. O reajuste do minério foi de 71,5% em 2005, de 19% em 2006 e de 9,5% este ano. O lucro da Vale no período passou de R$ 6,4 bilhões em 2004 para R$ 13,4 bilhões no ano passado. Este ano, apenas no primeiro trimestre, a empresa já lucrou R$ 5,1 bilhões.Segundo Barbosa, as importações chinesas de minério devem totalizar 400 milhões de toneladas este ano, se for mantido o ritmo de crescimento de 23,5% registrado no primeiro quadrimestre. De janeiro a abril, a China importou 134 milhões de toneladas de minério. Hoje, a Vale é a maior fornecedora de minério para o país. E, para ampliar as vendas, a empresa está desenvolvendo um projeto para transportar minério entre os dois países.Segundo Barbosa, é possível que a mineradora conte com 20 navios nos próximos cinco anos para fazer esse transporte. Para isso, a Vale estuda alternativas. `Podemos ter uma participação acionária em uma empresa encarregada do transporte ou fechar parcerias com contratos de longo prazo`, disse. `Mas ainda estamos estudando a melhor opção.`Para o executivo, o anúncio feito pelas maiores siderúrgicas chinesas que poderiam se unir para reduzir impactos da variação do preço do minério não é uma grande preocupação. `Essas empresas já são unidas e isso não deve alterar a dinâmica de negociação de preços.` O executivo estima que a produção de aço na China chegará a 500 milhões de toneladas este ano, ante 417 milhões de toneladas em 2006.Barbosa disse que ainda não há definição de projetos que poderiam ser afetados a partir de 2012 pelas incertezas no fornecimento de energia elétrica no País. A preocupação foi demonstrada na terça-feira pelo presidente da Vale, Roger Agnelli.
O Estado de São Paulo