Vale deve anunciar siderúrgica amanhã
29/02/08
PROJETOMineradora poderá revelar a empresa estrangeira que vai compor a sociedade
A Vale deve anunciar amanhã a construção de uma siderúrgica no Pará, em parceria com o BNDES e um operador siderúrgico. Os nomes mais cotados para a sociedade são os da siderúrgica indiana Tata Steel, que teve contatos recentes com a mineradora brasileira, e o da coreana Posco, que chegou a se interessar pelo projeto engavetado da usina de aço do Maranhão. O projeto prevê uma produção entre 2,5 milhões e 5 milhões de toneladas de placa de aço. As informações são do site Pará Negócios, embora não confirmadas pela assessoria da mineradora.
A partir das 11 horas de amanhã, em uma entrevista coletiva na sede da Vale, no Rio de Janeiro, o presidente da empresa, Roger Agnelli, falará sobre os seus resultados no ano de 2007. E deverá revelar detalhes sobre seu novo empreendimento no Pará.
O presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Paulo Camillo Penna, considera o projeto da nova siderúrgica da Vale muito importante para o Pará. Trata-se, segundo ele, de um projeto de desenvolvimento integrado, que mobiliza um conjunto de atividades, que vão desde serviços como hotelaria, fornecimento de refeições e aluguel de veículos, até unidades industriais. Ele informa que, na mineração, para cada emprego direto, outros 13 são criados na cadeia produtiva, como no caso de uma indústria siderúrgica.
Mas Paulo Camillo ressalta que é importante a participação do poder público na implantação da infra-estrutura necessária para a ativação de um empreendimento desse porte, como foi colocado pela Vale em relação às eclusas da hidrelétrica de Tucuruí e ao novo porto do Espadarte, no município paraense de Curuçá.
O gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), André Reis, afirma que a instalação da siderúrgica da Vale representará um grande acréscimo nas exportações do Estado, `proporcionando um elo de verticalização adicional na cadeia produtiva que tem o minério de ferro como matéria-prima básica`.
De acordo com Reis, o valor de uma tonelada de aço corresponde a dez vezes a tonelada de ferro-gusa e 100 vezes a tonelada do minério de ferro. `Ou seja, a receita obtida com apenas uma tonelada de aço exportada equivalerá a 100 toneladas de minério de ferro. A siderúrgica fortalecerá muito a indústria de base paraense, na medida em que atrairá outras indústrias de transformação. Os efeitos multiplicadores serão muito positivos sobre o emprego, renda e crescimento do produto interno bruto local, acrescenta o gerente do CIN.
Lucro
Em sua edição da última terça-feira, o jornal Valor Econômico informa que os investidores têm uma expectativa otimista sobre os resultados de 2007 que a Vale irá divulgar hoje à noite. A previsão de analistas com base nas normas contabéis do US GAAP é de que o lucro da companhia fique entre US$ 11,2 bilhões e US$ 12 bilhões, batendo seu próprio recorde. Em 2006, o lucro da mineradora brasileira foi de US$ 6,5 bilhões.
Produção mineral do Estado registra crescimento de 14% em 2007
A indústria mineral paraense fechou o ano de 2007 com um valor de produção de US$ 8 bilhões, com um crescimento de 14% em relação a 2006 – quando o Pará produziu US$ 7 bilhões. Os dados são do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram Amazônia) e demonstram que a indústria extrativa mineral contribuiu com 59,2% da produção e a de transformação, com 40,8%.
Como nos demais anos, novamente o minério de ferro liderou o ranking, respondendo por 35,2% do total de commodities minerais produzidos no Pará. Em seguida veio a alumina (17,6%), o alumínio (15,1%) e o cobre (11,3%). Segundo Alberto Rogério da Silva, consultor do Ibram Amazônia e responsável pelo levantamento, uma projeção otimista demonstra que nos próximos cinco anos a produção mineral do Pará vai triplicar e alcançar os US$ 25,9 bilhões.
`Os investimentos que estão sendo feitos e que perdurarão até 2012, com a entrada de novos projetos e expansão da maioria dos atuais, somam algo em torno de US$ 17 bilhões. Desse total, 97% serão efetivados pela Vale, a maior parte deles na região sudeste do Pará, que responderá pela maior fatia (86%)`, explica o consultor, destacando ainda que o segundo lugar nesses investimentos pertencerá a Barcarena, nordeste do Estado, com participação de 10%.
A evolução do setor também se reflete no crescimento do Estado e, especialmente, das regiões mineradoras. O presidente do Ibram, Paulo Camillo Penna, garante que os benefícios podem ser diretos e indiretos. No primeiro grupo, ele destaca a arrecadação de impostos, como a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), contribuição paga pelas mineradoras e que deve ter suas receitas aplicadas somente em projetos para o benefício da comunidade local. Em 2007, a CFEM da indústria extrativa mineral paraense alcançou US$ 83 milhões, superando inclusive as previsões iniciais de se chegar a essa cifra somente em 2010. Outro exemplo citado por Camillo são os repasses do ICMS, que também acabam sendo impulsionados pela atividade.
Em relação aos benefícios indiretos, Camillo aponta o aquecimento da economia no município ou região onde há atividade de mineração, arrecadação de tributos como o ISS ou o IPTU, entre outros. `Além disso, os projetos de desenvolvimento social que voluntariamente as mineradoras levam para as regiões onde atuam`, diz o presidente do Ibram, que cita exemplos como o patrocínio de projetos musicais e de preservação do patrimônio histórico ou incentivo à educação e à inclusão digital.
Sobre o papel do Pará no contexto da mineração nacional e mundial, Camillo explica que o levantamento geológico no Brasil foi realizado em apenas 30% do território nacional e ressalta que, em função disso, há muito ainda para se descobrir no Pará e na Amazônia, região considerada por especialistas no setor como a última fronteira mineral do mundo.
O Liberal – PA