Vale corta o fornecimento de minério de ferro para as primeiras quatro guseiras do pólo de Carajás
26/10/07
Quatro siderúrgicas do pólo de Carajás tiveram o fornecimento de minério de ferro que utilizam para a produção de ferro gusa suspenso pela Companhia Vale do Rio Doce nesta quinta-feira (25) porque as informações e a documentação encaminhadas por elas não atestaram que operavam ?na mais absoluta conformidade com as leis ambientais e trabalhistas?, segundo comunicado da Vale. A suspensão no fornecimento da matéria-prima atinge a Companhia Siderúrgica do Pará S/A (Cosipar), Ferro Gusa do Maranhão Ltda (Fergumar), Siderúrgica do Maranhão S/A (Simasa) e Usina Siderúrgica de Marabá Ltda (Usimar). O corte no fornecimento poderá atingir também a Itasider Usina Siderúrgica Itaminas S/A (Itasider), de Minas Gerais, e outras três do pólo de Carajás ? a Siderúrgica Ibérica do Pará S/A (Ibérica), Siderúrgica do Maranhão S/A (Viena) e Siderúrgica Marabá S/A (Simara). Elas têm 15 dias para apresentar documentos que comprovem que as empresas estão operando na legalidade. A Vale havia anunciado inicialmente o corte no fornecimento de minério de ferro às guseiras envolvidas em crimes ambientais e trabalhistas no dia 22 de agosto, mas depois estabeleceu o prazo até 30 de setembro para o envio de documentos e novas informações. A maior parte da produção das guseiras do pólo Carajás é destinada à exportação. De janeiro a agosto deste ano as siderúrgicas instaladas no Pará exportaram o equivalente a quase US$ 342 milhões, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Alegações infundadas Em nota à imprensa, a direção da Cosipar, a maior e mais antiga das siderúrgicas da região, informa que foi surpreendida com a decisão da Vale do Rio Doce, ?porque o processo de negociação entre as duas empresas ainda estava em andamento e as alegações apresentadas para tal suspensão são infundadas?. A empresa garante que tem prestado todos os esclarecimentos solicitados pela Vale, ?comprovando a regularidade ambiental e trabalhista das suas atividades?. A Cosipar esclarece que desde o dia 28 de agosto de 2007 negocia junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) a elaboração de um Termo Compromisso para adequar a atividade da empresa às exigências do Código Florestal Brasileiro. E que protocolou no dia 17 de setembro na Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará os documentos solicitados para a aprovação final do Plano de Suprimento Sustentável (PSS), documentação que está em análise pelos técnicos da Sema, que já aprovou o Plano de Suprimento Anual (PSA) da Cosipar para este ano. De acordo ainda com a nota, a Cosipar diz que não possui nenhuma infração contratual junto à Vale. A siderúrgica instalada em Marabá informa que emprega diretamente 949 trabalhadores ?que estão com salários e encargos sociais rigorosamente em dia, respeitando a legislação trabalhista? e que também exige a mesma conduta por parte de seus fornecedores. Afirma a Cosipar em sua nota que está à disposição da Vale ?para a retomada das negociações interrompidas unilateralmente, em consideração à parceria existente há 21 anos?. E que foi ?convidada, estimulada e incentivada com investimentos da própria CVRD para implantar a siderúrgica em Marabá para agregar valor ao minério de ferro de Carajás?. ?O Grupo Cosipar informa que as atividades da usina de Marabá continuam normalmente e reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável das suas atividades e (…) em cumprir as normas e legislações estabelecidas pelos órgãos federais, estaduais e municipais?, acrescenta a nota. Já a direção da Simara informou que enviará à Vale, dentro do prazo estipulado de 15 dias, os novos documentos solicitados, ?necessários para comprovar que é cumpridora das legislações ambiental e trabalhista?. O controle acionário da Simara foi assumido em novembro de 2006 pelo Grupo Aço Cearense, ?que tem entre seus valores a prática da política de responsabilidade social, ética e ambiental?, diz em nota a empresa. E acrescenta que ?repudia todas as ações que possam resultar em degradação ambiental e desrespeito à legislação trabalhista?.
Pará Negócios