Ubu poderá abrigar filial brasileira da maior siderúrgica da China
11/07/07
Foi dado ontem o primeiro passo para a criação no Estado de um pólo industrial tão forte quanto o de Tubarão. Ele deverá abrigar atividades siderúrgicas, mineradora e de petróleo e gás. O governo desapropriou uma área de 2,5 mil hectares (25 milhões de metros quadrados) em Anchieta e negocia a instalação da maior siderúrgica chinesa, a Baosteel, em Ubu. Com a desapropriação, fica criado o Pólo Industrial e de Serviços de Anchieta, o primeiro fora da Grande Vitória. Além da Samarco, que já está expandindo os investimentos na região, a primeira grande planta industrial que se instalará no local será a Baosteel em parceria com a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A siderúrgica que os chineses querem construir — trata-se da primeira unidade da Baosteel no país — tem capacidade para 5 milhões de toneladas de placas de aço e deverá demandar investimento da ordem de US$ 3 bilhões (quase R$ 6 bilhões). Na próxima semana o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Dias, acompanhado de diretores da Vale, viaja a Xangai para assinar com diretores da Baosteel um protocolo de intenções. A assinatura do documento é o primeiro passo para que a siderúrgica oficialize seu interesse em construir a planta no Estado. Nos últimos três meses, diretores da siderúrgica chinesa vieram várias vezes ao Estado. A região onde será instalado o novo pólo de Anchieta foi considerada a melhor, no Brasil, para a construção do novo empreendimento. O Maranhão foi o local inicialmente procurado pelo grupo para sediar os investimentos, mas eles desistiram do projeto no Nordeste. O póloO município de Anchieta — que já tem a Samarco Mineração e o Porto de Ubu e que terá o novo terminal portuário da Petrobras, a Ferrovia Litorânea Sul e outros projetos — foi considerado o melhor local para sediar o novo pólo. Além de potencial e vocação para atrair grandes projetos industriais, a região atende um dos anseios do governo, de descentralizar os investimentos da Região Metropolitana. A decisão do governador Paulo Hartung de não permitir a construção de projetos de porte na Grande Vitória beneficiou Anchieta, como região ideal para sediar as grandes plantas industriais. O Plano Diretor do Município de Anchieta (PDM), elaborado em 2005, prevê a instalação de um distrito industrial no município. O local, segundo Dias, terá espaço para as grandes empresas e também para as menores, principalmente as prestadoras de serviço. Investimento similar em um pólo industrial deverá ser feito em outra região do Estado, segundo fontes do governo. Senai deve garantir capacitação Prefeitura de Anchieta busca parceria para qualificar a mão-de-obra para os novos projetos Os grandes projetos que se instalarão em Anchieta, nos próximos anos, mudarão a realidade do próprio município e de cidades vizinhas, que crescerão em ritmo acelerado. E duas questões, pelo menos, já preocupam o prefeito da cidade, Edival Petri: a procura por mão-de-obra especializada e o crescimento populacional. Em 2005, quando da elaboração do plano de desenvolvimento do município, os estudos indicavam que em dez anos (em 2015) a população saltaria dos então 22 mil habitantes para 100 mil habitantes. Hoje já são 27 mil os moradores de Anchieta. A prefeitura, preocupada em manter a qualidade de vida de seus moradores, estuda a construção de novas moradias. A qualificação da mão-de-obra é outra preocupação. Tanto que Petri está discutindo com o Senai a implantação de uma unidade no município voltada para a capacitação de profissionais que trabalharão nas empresas que se instalarão o novo pólo industrial. RecrutamentoA prioridade — foi assim com as obras para a construção da terceira usina da Samarco — é a contratação de moradores do município e das regiões vizinhas para o preenchimento das vagas que surgem. Entretanto, para que os capixabas possam ocupar as vagas que serão ofertadas nos próximos anos, eles precisam de capacitação. Com uma unidade local do Senai, acredita o prefeito, será possível preparar os capixabas para que ocupem os postos de trabalho que surgirem. Inclusive aqueles de remuneração mais elevada. Pólo é capaz de sediar até 10 usinas Em setembro de 2005, quando quando o governo estadual ainda ensaiava a criação do pólo industrial de Anchieta, A GAZETA teve acesso a documentos preliminares que apontavam o potencial do futuro pólo. Os estudos indicavam que o novo pólo, ou o distrito industrial de Anchieta, teria capacidade para abrigar até dez usinas de pelotização, uma siderúrgica com capacidade para produção de até 15 milhões de toneladas/ano, uma coqueria para atender à demanda de coque da siderúrgica e uma usina térmica a gás natural. Havia, naquele período, informações que vários grupos industriais interessados em investir no Estado procuraram o governador Paulo Hartung. Empresas como a Samarco Mineração, a Companhia Vale do Rio Doce, a australiana BHP Billiton, a CST-Arcelor estavam na lista dos interessados. O NÚMERO 25 milhões – É o tamanho da área, em metros quadrados, desapropriada pelo governo para a implantação do Pólo Industrial de Anchieta.
Portos e Navios