Tecnologia dobra vida útil da CBA em Poços
30/08/07
Coluna Nairo Alméri A velha máxima levada dos projetos minerários, que «mineração não dá duas safras», já caducou no setor do ferro, graças aos recursos de tecnologia de redução em altos-fornos, que deu aos finos de itabirito status de hematita (o mundo praticamente tem mais granulados de ferro com alto teor). Agora, a mineração de bauxita, no Brasil, também inaugura a segunda geração da mesma lavra, através da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, que passará a processar a bauxita de baixo teor – de menos de 38% de alumina -, estocada como rejeito, ao longo de cinco décadas. A CBA, que neste ano inaugurou a expansão da fábrica, de 405 mil t/ano para 475 mil t/ano, em Alumínio (SP), utilizará inoculantes (polímeros) no processo químico para obtenção do óxido de alumínio. Agora, a bauxita de teor baixo passará a ter mesmo valor daquela com teor elevado, anunciou ontem, em Belo Horizonte, o diretor de Mineração da CBA, Carlos Augusto Parisi. O executivo calculou que dos estoques de rejeitos de bauxita, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, serão retiradas «outras 20 milhões de toneladas». A tecnologia do inoculante possibilitará inclusive a reversão de um plano de redução da produção de bauxita em Poços de Caldas. Em 2006, a unidade beneficiou 1,2 milhão de toneladas/ano e, de acordo com plano anterior da empresa, seria reduzida para 750 mil toneladas/ano, para garantir uma vida útil de, pelo menos, mais oito anos. Na sua apresentação ontem, no seminário «Bauxita Alumínio – desafios e perspectivas», realizado pelo Ibram, Parisi disse que a CBA, ao longo dos anos (entrou em operação em 1955), depositou a bauxita de baixo teor na recuperação de áreas degradas e, simultaneamente, reflorestadas. «Essas áreas estão com pedidos na Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) para o desmatamento».
BlendsParisi comentou que, até então, a planta da CBA operava com um processo «complicado», fazendo blends com bauxitas de variados teores: 38%, 42%, 45% e 46% de alumina.RentabilidadeA CBA abastece a sua planta com bauxita extraída de Poços de Caldas e Itamarati (1,5 milhão toneladas/ano), na Zona da Mata. O rendimento da empresa é o seguinte: de 12 toneladas de bauxita bruta (ROM), retira 6 toneladas de bauxita lavada, 2 toneladas de óxido de alumínio e, no final, 1 tonelada de metal (alumínio). MiraíNeste ano, também na Zona da Mata, a CBA colocará em operação a lavra de Miraí, onde investiu US$ 150 milhões, para produzir 1,25 milhão de toneladas/ano de bauxita.Goiás e Pará * Fora de Minas, a empresa do Grupo Votorantim tem minas de bauxita em Barro Alto (GO) e Paragominas (PA), ainda não exploradas. A primeira área deverá entrar em operação a partir de 2009, com capacidade para 20 milhões de toneladas/ano bauxita. Paragominas * Já Paragominas (reservas de mais de 2 bilhões de toneladas de bauxita), ainda está em fase de pesquisa mineral. Estas áreas podem representar investimentos de até US$ 1 bilhão.Números * Fundada em 1941 (com apoio dos Estados Unidos), mas inaugurada somente em 1955, em função da II Guerra Mundial, a CBA começou com 4 mil t/ano de alumínio de «péssima qualidade», segundo Parisi. Atualmente, a empresa é a maior planta integrada das Américas e oitava do mundo em produção.Tipo * No país, 95% da bauxita é metalúrgica e, 5%, refratária. Na média, a bauxita brasileira contém de 35% a 55% de óxido de alumínio.Rentabilidade * Em 2006, a CBA teve receita líquida de R$ 2, 7 bilhões. Da sua produção, 40% foram exportados. O seu diretor observa que o produto colocado no mercado interno (chapas e folhas) dá mais rentabilidade financeira que o exportado (alumínio em lingote).
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