Submarinos iniciam nova corrida ao fundo do mar
08/08/11
Em nome do crescimento econômico, da ciência e até do turismo de aventura para milionários, uma nova leva de veículos está se preparando para descer às regiões mais profundas do mar.
No fim do mês passado, a China fez com sucesso o mergulho de teste do Jiaolong, submarino batizado em homenagem a um dragão aquático da mitologia chinesa.
Com cerca de 8 metros de comprimento e tripulação de três pessoas, o Jiaolong chegou a 5.000 metros de profundidade no oceano Pacífico.
Foi só um aquecimento: a meta do governo chinês é atingir abismos de 7 km, o que daria ao país acesso a 99% do leito marinho do mundo.
Isso deve acontecer já no ano que vem, afirmou Wang Fei, vice-diretor da Administração Estatal Oceânica da China, que coordena o plano.
O aparelho coloca a China no time de países com acesso tripulado ao oceano profundo, ao lado de naus lendárias, como as americanas Alvin e Trieste.
Na semana passada, os chineses aproveitaram também para conseguir permissão da Autoridade Internacional do Leito Marinho para procurar sulfetos polimetálicos –minerais formados por enxofre e por metais como chumbo, cobre, zinco e prata– no fundo do oceano Índico.
A riqueza mineral é um atrativo óbvio para os chineses, até porque o fundo do mar é uma das potenciais ameaças ao monopólio da China na extração das chamadas terras raras, elementos químicos essenciais para a moderna indústria de computadores e smartphones.
A lama do fundo do Pacífico, mostrou levantamento recente da Universidade de Tóquio na revista “Nature Geoscience”, tem potencial para atender toda a demanda mundial por terras raras.
Bastaria trazer essa lama para a superfície e tratá-la com ácido, de maneira a extrair as terras raras, como lantânio, cério e itérbio.
Ainda há dúvidas, porém, sobre a viabilidade econômica e o impacto ambiental se esse tipo de operação for comum.
LUXO E SOFISTICAÇÃO
Os interesses do bilionário britânico Richard Branson, do grupo de empresas Virgin, são menos industriais. O que ele quer é implantar o turismo de altíssimo luxo nas profundezas, a exemplo do que ele já está fazendo com o turismo espacial.
Seu primeiro projeto parece um aviãozinho de asas curtas e mede cerca de seis metros. Por enquanto, carrega apenas uma pessoa e deve ser testado ainda neste ano.
Outros magnatas afirmam ter intenções menos mundanas ao explorar a fronteira oceânica. É o caso de James Cameron, diretor do filme “Avatar” (e também da aventura submarina “O Segredo do Abismo”) e do executivo do Google Eric Schmidt.
Ambos estão patrocinando esforços para criar naus que desçam até a Challenger Deep, ponto mais fundo da fossa das Marianas (Pacífico) –e dos oceanos da Terra.
Os submarinos ficariam disponíveis para a comunidade científica mundial.
Folha de São Paulo