Sistema de produção de carvão vegetal ecológico já está disponível no mercado
27/08/07
Uma solução que possibilita a fabricação de carvão vegetal de maneira limpa e em condições dignas de trabalho aos operários. Foi desta maneira que a indústria paranaense Bricarbras apresentou sua nova tecnologia de produção de carvão vegetal ecológico, a partir de fornos metálicos não poluentes, durante recente feira internacional da madeira e subprodutos ocorrida na Alemanha, que reuniu 120 mil visitantes e 1.860 expositores de 49 países. `Uma das vantagens do nosso processo de carbonização é a redução do tempo para cerca de oito horas, enquanto o processo tradicional demora de dez a quinze dias, além da questão social e ambiental `, explica o empresário Nelson Roberto Hübner, diretor do Grupo Hübner, que controla a Bricarbras. Além de aproveitar melhor a matéria-prima — seu rendimento é cerca de 50% superior ao modelo habitualmente utilizado –, a principal inovação do sistema criado pela empresa é o reaproveitamento dos gases gerados, que são canalizados para o interior de um queimador que realimenta o processo de carbonização. Operando com temperaturas entre 1.000 a 1.100ºC, ele queima integralmente os poluentes alcatrões e partículas pirolenhosas, emitindo apenas vapor d`água e gás carbônico. Gases limpos que são, em parte, direcionados para a estufa de secagem de lenha, reduzindo o consumo de energia. Para otimizar este processo, outro diferencial adotado pela empresa é um sistema de microondas, que acelera a secagem. Nelson Hübner destaca ainda que além da maior eficiência do processo de carbonização, o controle da produção, totalmente informatizado, quebra um paradigma da indústria do setor, tradicionalmente baseada no extrativismo e com freqüente utilização de trabalho infantil e mesmo escravo. Alexandre Santos Pimenta, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Bricarbras e que desenvolveu a tecnologia, garante que ela é a mais versátil e barata do mercado brasileiro e internacional, dispensando o uso de maquinaria pesada no manuseio do carvão vegetal. Ele reafirma que o queimador elimina totalmente a emissão de fumaça, podendo a unidade ser instalada mesmo dentro do perímetro urbano, sem qualquer impacto ambiental. Pimenta cita como exemplo que a empresa tem no Paraná duas unidades de carbonização em sua fábrica, instaladas dentro do perímetro urbano de Jaguariaíva, onde são produzidos 2.500 metros de carvão vegetal por mês, o que, segundo ele, nem é percebido pela vizinhança. ?O queimador elimina completamente os poluentes, inclusive o metano, gás causador do efeito estufa e cuja queima habilita o produtor ao recebimento de créditos de carbono. Qualquer tipo de material lenhoso pode ser carbonizado, como eucalipto, pinus, lenha de nativas, lenha de cerrado, restos de exploração florestal, resíduos de serraria e outros?, afirma Alexandre Pimenta. A Bricarbras fabrica dois tamanhos básicos de unidades de produção de carvão vegetal. Uma para pequena produção, com capacidade para até 1.000 metros de carvão vegetal (MDC) por mês, destinada a pequenos produtores/lenhadores, assentamentos, cooperativas de produtores e pequenas comunidades agrícolas e florestais. E uma para grande produção, com capacidade para 3.000 a 3.500 MDC/mês, destinada a grandes produtores e/ou consumidores de carvão vegetal, como siderúrgicas, metalúrgicas, grandes madeireiras, produtores de ferro ligas e metais primários, como o silício. A assessoria da Bricarbras informa que esse sistema pode substituir perfeitamente o chamado forno rabo quente, utilizado nas carvoarias do Pará. O novo equipamento é financiável pelo BNDES, através do programa FINAME. Já existem plantas em funcionamento em siderúrgicas de Minas Gerais e do Paraná e em setembro começa a funcionar no Mato Grosso. No Pará, segundo a assessoria, já houve contatos com algumas empresas locais. O sistema ecologicamente adequado de produção de carvão vegetal da Bricarbras foi o projeto vencedor da categoria tecnologia do Prêmio Ambiental Von Martius, um dos principais do gênero no país, entregue pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Foi escolhido entre 168 concorrentes. `Com certeza toda a equipe da empresa sente orgulho por este prêmio. Mas só estaremos satisfeitos mesmo quando toda a comunidade puder usufruir desta tecnologia, principalmente os pequenos produtores que sofrem as conseqüências de um sistema produtivo que não muda há mais de dois mil anos`, complementa Nelson Hübner.
Pará Negócios