Sindicalista quer parceria com mineradora
05/12/06
De Curionópolis (PA)
05/12/2006
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Raimundo Benigno Moreira largou o segundo ano da faculdade de direito, em São Paulo, para arriscar a vida em Serra Pelada. Foi como investidor, em 1980, custeando as despesas de alimentação de dez garimpeiros num barranco de onde saíram 42 quilos de ouro. Como “dono” do barranco, ficou com 50% do que foi apurado.
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Hoje, aos 48 anos, Benigno, como é conhecido, é dono de uma granja no interior paulista, onde são abatidas 15 mil cabeças de frango por dia, e de uma auto-escola em Marabá, a 130 quilômetros do garimpo. Mas ao contrário dos que ganharam um bom dinheiro e sumiram de lá, o ex-estudante de direito é uma das lideranças que hoje lutam para garantir o melhor negócio para os garimpeiros. “Casei com a Serra”, brinca.
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Como presidente do sindicato dos garimpeiros, Benigno é um dos principais interlocutores junto ao governo federal. E esteve à frente do movimento para afastar da Cooperativa Mista dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) o grupo ligado ao ex-interventor Sebastião Curió. Sua atuação no garimpo lhe rendeu um atentado e a inclusão no programa federal de proteção a testemunhas. Um policial o acompanha 24 horas por dia, em qualquer lugar.
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O sindicalista diz que sua preocupação – compartilhada, segundo ele, pelo governo federal – é que os garimpeiros acabem assinando contrato com um consórcio de investidores, mais comprometido com a especulação no mercado de ações do que a exploração de ouro. “Há homens esperando por isso há 20 anos”, lembra.
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O ideal, defende, é a parceria com uma mineradora que, sendo estrangeira, esteja disposta a abrir subsidiária no Brasil. No modelo imaginado por Benigno, a subsidiária brasileira seria uma joint venture onde a cooperativa de garimpeiros teria 50% do capital.
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Pelo menos uma das empresas interessadas, a canadense Aura Gold, já deu sinal verde para uma negociação nesses termos. “É uma das possibilidades”, afirmou Euvaldo Lucindo de Almeida, dono da Acimco, que representa os canadenses nas negociações. “Estamos num namoro bom”, confirma Benigno.
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Díficil será explicar o que é e como funciona uma joint venture para milhares de garimpeiros muito simplórios. “Falta capacitação aos garimpeiros para conduzir um processo desse”, reconhece o presidente do sindicato. Para reabrir o garimpo por conta própria, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), certamente seria necessário investir primeiro, e pesadamente, na qualificação dos sócios da cooperativa.
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Além do interesse das mineradoras, que vêm melhorando suas ofertas, o que tem animado mesmo o sindicalista é o atual interesse do governo federal pelo tema. “O ex-ministro José Dirceu e a ministra Dilma Roussef foram interlocutores importantes.
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” Nas negociações com as empresas uma preocupação é garantir o aproveitamento da mão-de-obra local. Não só para os ex-garimpeiros, hoje sem fonte de renda, mas para os seus filhos, que crescem sem perspectiva profissional. (IM)
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Leia amanhã, a herança de miséria deixada pelo garimpo de Serra Pelada
Ivana Moreira – Valor Econômico