Siderúrgicas intensificam revisão dos preços
07/05/10
Mesmo contando com uma possível mudança do perfil do mercado, as siderúrgicas devem; manter no Brasil os investimentos, calculados em cerca de R$ 70 bilhões até 2016, e voltados principalmente ao aumento de sua capacidade instalada.
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Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, comentou, em entrevista exclusiva ao DCI, que o reajuste do aço não será feito de uma vez. ?A tendência é de que haja repasse, mas não imediatamente; ainda temos de calcular os gastos e dialogar com os clientes.?
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Ontem, durante a divulgação dos resultados trimestrais da empresa, André Gerdau Johannpeter, seu presidente, confirmou a tendência de ajustes no preço do aço, o que, segundo o executivo, deve acontecer; não só no Brasil, mas em outros países onde a empresa atua, variando conforme as região e o mercado.
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Na ponta da cadeia, a Associação Nacional dos Fabricantes dos Veículos Automotores (Anfavea) afirmou; que as montadoras de veículos estão conversando sobre os preços do aço diretamente com as siderúrgicas, confirmando as negociações.
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O presidente da Gerdau, que no primeiro trimestre viu lucro R$ 573 milhões, montante 16 vezes maior do que o registrado em 2009, reiterou que o pacote de investimentos de R$ 9,5 bilhões, previstos pela companhia até 2014, está mantido. São destaques; a ampliação de capacidade no Brasil, na área de aços espaciais e rolos,; e o aumento da produção de aços especiais nos Estados Unidos.
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?No Estado de Minas Gerais apenas, vamos destinar R$ 352 milhões para aumentar nossa autonomia de produção de minério de ferro?, afirmou o presidente da Gerdau.; Ele explicou que os aportes permitirão aumentar a autossuficiência de minério de sua coligada, a; Açominas, de 60% para 100%, até 2012.
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A ação reforça a tendência de algumas siderúrgicas de buscar maior autonomia no abastecimento de minério para se descolar das variações de preço, como já acontece com a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), que anunciou recentemente investimentos de R$ 7 bilhões até 2011, plano que inclui a criação de uma companhia de mineração a partir de algumas minas que o grupo adquiriu.
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Demanda
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Sobre a recuperação da demanda, os executivos da Gerdau colocaram que está programada, no Peru, a retomada das atividades de um alto-forno (equipamento produtor de aço) no mês julho. Em relação ao mercado europeu, a companhia sinaliza cautela, ao operar a níveis próximos de 50% de capacidade. ?Se formos remodelar essa operação, acredito que 60% seja uma margem confortável?, afirmou Osvaldo Schirmer, vice-presidente executivo de Finanças da Gerdau.
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Quanto ao mercado norte-americano, a perspectiva da Gerdau é de que ele retome fôlego lentamente. Apesar do pacote de estímulos anunciado recentemente pelo presidente Barak Obama, que deve impulsionar o setor de construção civil, entre outros, e consequentemente, o consumo de aço, a retomada será gradual. ?Começamos; a ver alguns sinais, mas; de forma lenta e gradual, pois o que existe ainda é projeto. Nossa expectativa era de que fossem um pouco mais rápidos do que está acontecendo?, disse o; presidente da Gerdau.
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PAC; e Copa
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Se se levarem em consideração os negócios no mercado brasileiro, a visão é de que a comercialização do aço cresça com a ascensão do consumo em setores como automotivo, mas o impacto das obras de infraestrutura ligadas ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e à realização da Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas por aqui deve começar a impulsionar o setor somente a partir do final do segundo semestre deste ano.
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?Como boa parte das obras está em projeto, veremos o aquecimento destas demandas a partir do final deste ano?, projetou o responsável pelas finanças da Gerdau, ao calcular que o pico de demanda deve chegar em grande volume em 2012 e 2013, incluindo as oportunidades que vão surgir com o avanço do pré-sal.
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Ele acrescentou ainda que os efeitos positivos do programa ?Minha Casa, Minha Vida? (de construção de moradias populares), ainda não começaram.
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Outra empresa que apresentará seus resultados financeiros hoje é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), cuja; alta de preços foi confirmada mês passado. De acordo com prévias divulgadas pelos analistas da corretora do grupo Itaú, os volumes de produção da empresa, devem atingir a casa de 1,3 milhões de toneladas, com mais de 80% da produção voltada ao mercado interno.
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Também foi sinalizada uma possível subida das receitas na casa dos 10%, além de; um esperado recuo nos lucros. Entre os investimentos anunciados pela companhia este ano, estão US$ 600 milhões em três novas fábricas de cimento no Brasil.
Investimentos
Um dos mais antigos executivos do setor de aço Brasil, Jorge Gerdau, acredita na capacidade do empresário; brasileiro de enfrentar os mais diferentes cenários da economia. Segundo ele, os investimentos crescem no País e suplantam; uma capacidade instalada possivelmente insuficiente da indústria. ?As empresas investem rapidamente e o empresário sempre encontra forças e capacidade dentro da sua própria equipe?, disse ele. Gerdau acrescentou que; o Brasil investe 1,2% do seu Produto Interno Bruto (PIB), e a carga tributária chega a 40% do PIB. ?É preciso gerir melhor os gastos públicos para ter dinheiro para investir?, completou.
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Em relação a parcerias público-privadas, apontada por muitos como opção para crescer e realizar obras no País,; Gerdau disse que existe uma ?confusão jurídica e muita ideologia em parcerias com o governo?, sendo que só em alguns setores como no energético elas já funcionam melhor.
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O executivo comentou que o Brasil tem condições em enfrentar os futuros gargalos de infraestrutura com; um forte ritmo de crescimento. A entrevista foi realizada em Comandatuba (BA), no final do mês de abril.
DCI