Serra Azul é novo pólo para atrair mineradoras
10/07/07
Com reservas estimadas em pouco mais de 2 bilhões de toneladas, o chamado Sistema Serra Azul, localizado na parte oeste do quadrilátero ferrífero, na região central de Minas Gerais, era uma área que, apesar de seu potencial e diversidade, exercia pouca atração sobre as grandes mineradoras. Mas esse quadro está mudando, e com rapidez: a região poderá movimentar cerca de US$ 3 bilhões nos próximos meses. Com a expectativa de Minas abrir uma `janela` para o mar, a partir da instalação de um terminal portuário exportador, no litoral sul fluminense, e diante do desinteresse da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) pelas reservas, as pequenas mineradoras da região passaram a ser disputadas por grupos do mundo inteiro. E até a Vale já volta a acenar com a possibilidade de se voltar para a exploração de minérios na área. As reservas do Sistema Serra Azul, desde o século 19 atraem garimpeiros e mineradoras interessados no ouro, no topázio, na bauxita e no minério de ferro presentes na região. Até há pouco tempo, porém, a exploração ficava nas mãos de pouco mais de uma dezena de pequenas e médias mineradoras, todas de capital nacional. Esse quadro está mudando, no entanto, com a possibilidade de escoamento próprio da produção pelo mar e, principalmente pela falta de interesse da CVRD, que fizeram com que os grupos estrangeiros passassem a se interessar pelas riquezas da região. “Na nossa visão, o complexo da Serra Azul é o maior ativo em minério de ferro com potencial de aproveitamento atualmente, em Minas”, explica Luciano Ramos, que é o presidente da London Mining no Brasil. A mineradora inglesa acaba de concluir a compra da Minas Itatiaiuçu, dona de uma reserva de 260 milhões de toneladas de minério, localizada no complexo Serra Azul. O grupo inglês planeja investir US$ 130 milhões até junho do ano que vem na exploração de minério de ferro no estado. Longe da Vale;
Apesar de estar longe de incomodar a confortável liderança da Vale, a ausência da concorrente na região influenciou positivamente no negócio. “Sem uma concorrente do porte da Vale na região podemos crescer rapidamente no Brasil e no mercado mundial”, diz o presidente da mineradora, constituída em 2005 por investidores europeus reunidos nos fundos RAB Capital e Altima Partners. A aquisição é parte de uma onda de negócios que envolve a aquisição de pequenas e médias mineradoras da Serra Azul por grandes grupos. Pelo menos mais cinco mineradoras estão sendo vendidas na região. A expectativa é de que os negócios sejam concluídos até o final do ano. A própria London Mining estuda outras aquisições a oeste do quadrilátero ferrífero, extensa área de ocorrência de minerais em Minas. “Estamos estudando outras oportunidades na região”, garante Ramos. Além da London Mining, a MMX também confirmou a compra da AVG Mineração, localizada em Serra Azul, com produção estimada de 2,5 milhões de toneladas de minério de ferro para 2007. A MMX, do empresário Eike Batista, pagou R$ 224 milhões pelo negócio. Agora, a companhia aguarda as licenças ambientais para construir um mineroduto, ligando Alvará de Minas, na região central do estado, próximo ao Sistema Serra Azul, ao Porto de Açu, localizado no Município de São João da Barra, no litoral fluminense. A transação definiu também que a AVG ainda vai receber mais US$ 50 milhões depois que a MMX conseguir licença ambiental para uma nova área de exploração no local. Apesar do suposto “desinteresse” pela região, que se estende por uma área aproximada de sete mil quilômetros quadrados, a Vale do Rio Doce, diante do avanço dos grupos estrangeiros, chegou a estudar a possibilidade de adquirir a AVG. A empresa não confirma o interesse, mas a intenção da Vale era de conter o avanço dos concorrentes e aproveitar o potencial do Sistema Serra Azul. “Com os preços do minério de ferro no mercado internacional, os negócios na região se tornaram bastante atrativos. E nós vimos uma possibilidade de negócio”, revela Rodrigo Andrade Gontijo, diretor da AVG, que antes da MMX esteve na mira da BHP Billiton e da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Além das próprias reservas da região, os investidores aguardam a conclusão do projeto que transformará uma área de 110 hectares localizada no entreposto de Itaguaí, na Bacia de Sepetiba, no litoral fluminense, em um terminal exportador marítimo mineiro. “Janela” para o mar O projeto, encabeçado pelas mineradoras do Sistema Serra Azul, vem sendo desenvolvido pelos governos de Minas e do Rio de Janeiro. As mineradoras esperam abrir uma janela no litoral brasileiro – hoje dominado por conglomerados, como a Vale do Rio doce e a Companhia Siderúrgica Nacional – para dar caminho ao escoamento da produção. O projeto valorizaria ainda mais o negócio no Sistema Serra Azul que deve exportar, apenas neste ano, utilizando a infra-estrutura da Vale, 1,5 milhão de toneladas para a China e a Europa.
DCI