Seção Investimentos – Valor Online
19/02/08
Minério é alento que faltava para o pregãoO aumento de 65% do minério de ferro da Vale era o que faltava para a bolsa tomar gosto pela recuperação que deu seus primeiros sinais na semana passada. O reajuste deixou todos de queixo caído, já que as projeções dos analistas iam de 30% a 50%. Com a possível recessão nos EUA e inevitáveis respingos no crescimento da economia mundial, já se cogitava um acréscimo mais para a casa dos 30%. A notícia do reajuste, altamente generoso, além de beneficiar as ações da própria mineradora, levou junto a bolsa inteira, uma vez que os papéis da Vale representam 15% do Índice Bovespa. Sem contar as preferenciais (PN, sem voto) da Bradespar (controladora da Vale) que têm mais 1,5% do índice. Os analistas passaram o dia ontem fazendo contas para aumentar as projeções de preço alvo para os papéis da mineradora. A Fator Corretora, por exemplo, estima um aumento de 30% no preço alvo, hoje de R$ 70,40. ——————————————————————————–Preços alvos das ações da Vale devem ser elevados——————————————————————————–Ontem, o Ibovespa subiu 2,50%, voltando para 62.801 pontos, influenciado fortemente pela alta das ações da Vale. As preferenciais série A subiram 5,07% e as ordinárias (ON, com voto), 4,29%. As PNs da Bradespar se valorizaram 4,90%. Mesmo sem os novos preços alvos, já dá para ter uma idéia de que os analistas esperam um bom potencial de valorização dos papéis. Em relatório divulgado na sexta-feira, antes da notícia do reajuste do minério, o analista da Unibanco Corretora Rogério Zarpao cogitava um aumento razoável, de 59%, para a commodity e, por esse motivo, aumentou o preço alvo para as ações da Vale de R$ 71 para R$ 74. “Diante do novo cenário ainda mais benigno, irei novamente revisar para cima o preço do papel”, confirma Zarpao. Ele lembra que o reajuste de 71% para o minério de Carajás, pela pureza superior, é ainda mais positivo, principalmente considerando os planos de expansão da Vale para essa mina. O aumento do minério, antes do desfecho da negociação da compra da mineradora Xstrata, é uma sinalização importante de que a Vale terá caixa suficiente para digerir uma aquisição dessa magnitude, sem piorar seu perfil de risco, avalia Zarpao. O aumento do minério espalhou-se também para as ações das siderúrgicas. As ONs da CSN, por exemplo, subiram 3,58%. O reajuste é altamente benéfico para a siderúrgica, que é também dona da mina Casa de Pedra. “Hoje, a CSN consome 100% do minério de Casa de Pedra, mas, com o projeto de expansão, venderá o excedente no mercado a partir de 2012, impactando positivamente seu fluxo de caixa”, afirma o analista da Fator Eduardo Puzziello. Já para a Usiminas, o aumento tem reflexo negativo pois a siderúrgica ainda não é auto-suficiente e compra da Vale cerca de 60% do minério que necessita, diz Puzziello. Ele lembra, no entanto, que, no longo prazo, com a compra da mineradora J.Mendes, a Usiminas também tende a ser auto-suficiente. Já para Gerdau, o aumento do minério é neutro, uma vez que ela usa sucata para grande parte de sua produção de aço, completa o analista da Fator. Para o analista da Link Investimentos, Leonardo Alves, o reajuste dá o fôlego que a Vale precisa para comprar a Xstrata, mas ele alerta que o preço limite para o negócio ser vantajoso são 50 libras por ação, cerca de US$ 95 bilhões pela companhia.