Samarco poderá ter reservas para 5 usinas
22/04/08
A Samarco Mineração inaugurou oficialmente na última sexta-feira a sua terceira pelotizadora e já começou a estudar a viabilidade de sua quarta usina, mas o esforço atual é para comprovar ter reservas que permitam abastecer cinco unidades. A empresa espera fechar 2008 com reservas comprovadas de 1,9 bilhão de toneladas, acima das atuais 1,5 bilhão de toneladas. `Nossa meta é ter reservas para 30 anos e neste volume (1,9 bilhão de toneladas) garantimos reservas para cinco pelotizadoras`, afirmou o presidente da companhia, José Tadeu de Moraes. Atualmente a produção da mina é de 40 milhões de toneladas de minério de ferro, o que permite à companhia produzir 24 milhões de toneladas de minério de ferro concentrado e 14,5 milhões de toneladas de pelotas. Este ano, com a nova usina, a Samarco deverá produzir 19,5 milhões de toneladas de pelotas, o que – junto com o reajuste de cerca de 86% na tonelada do produto, permitirá que a empresa alcance um faturamento de US$ 2,8 bilhões, mais que o dobro dos US$ 1,35 bilhão registrados no ano passado, segundo Moraes. A forte demanda por minério de ferro tem impulsionado investimentos em exploração mineral e usinas de pelotização não apenas na Samarco como em suas controladoras, BHP Billiton e Companhia Vale do Rio Doce, que detêm, cada uma, 50% de participação na produtora brasileira de pelotas. Oportunidades A BHP Billiton está buscando oportunidades de negócios em exploração mineral, que poderiam ser em novas minas, a partir de reservas encontradas pela companhia, ou na compra de ativos já existentes. `Atualmente temos uma área de desenvolvimento de negócios no Brasil e damos suporte para a Samarco, mas estamos continuamente buscando oportunidades no Brasil`, disse o presidente das operações de minério de ferro da BHP Austrália, Ian Ashby. `Temos um time de geólogos trabalhando e uma série de empresas juniores fazendo oferta para a gente, então temos exploração e aquisição`, completou o presidente da BHP Brasil, Sebastião Ribeiro. De acordo com o executivo brasileiro, a principal dificuldade de fechar um novo negócio é a atratividade do projeto. `A questão logística, por exemplo, é um problema sério`, disse Ribeiro, que destacou que há `alguns` anos a companhia busca, sem sucesso, um ativo `interessante`. A companhia avalia principalmente o quadrilátero ferrífero, mas também estuda outras regiões do País, e não descarta a possibilidade de iniciar uma atividade própria, independente da Samarco. `Se o projeto for muito próximo à unidade da Samarco, obviamente não vale a pena criar uma operação separada`, acrescentou. No ano passado, comentava-se no mercado que a companhia estava interessada na mineradora J.Mendes, adquirida no início deste ano pela Usiminas, mas Ribeiro afirmou que a principal intenção é em encontrar reservas. `A vocação natural da companhia é explorar reservas encontradas pela empresa, mas se houver alguém querendo vender uma mina ou uma reserva a um bom preço logicamente estamos interessados.` Projeto da Vale na Malásia A Vale está avaliando projetos de pelotização no exterior. `A demanda por pelota vem muito forte e a tendência da siderurgia é utilizar cada vez mais pelota`, disse o diretor executivo de minerais ferrosos da mineradora, José Carlos Martins. De acordo com ele, a companhia está fechando a construção de uma pelotizadora em Omã. A empresa já havia informado que estava estudando a viabilidade de construir uma usina no país árabe. `Está praticamente definida, estudo de viabilidade feito, e deve passar por aprovação do conselho de administração da companhia, o que deve ser feito entre este e o próximo mês`, disse. O projeto, de 10 milhões de toneladas, deve atender principalmente o Oriente Médio e sua construção deverá ser iniciada ainda este ano. O valor do investimento não foi divulgado. Martins também comentou sobre a pelotizadora que a companhia estuda construir na Malásia, para atender clientes do sudeste asiático. `Estamos avaliando parceiros na região e eventuais locais, mas a idéia é obter a aprovação até o final do ano para começar a construir em 2009.` Além disso, as duas empresas iniciaram estudos para a quarta pelotizadora da Samarco. Diferente da expansão concluída agora, na próxima fase a empresa deverá contemplar uma expansão do porto. De acordo com Moraes, a empresa poderá optar por buscar sinergias com os projetos previstos para a região, como o porto de águas profundas que a Vale deve construir na região de Anchieta. Outra possível sinergia poderá ser obtida para o transporte do minério da unidade de Germano, em Minas Gerais, até a pelotizadora. A empresa vai avaliar utilizar a ferrovia litorânea sul, que para a qual a Vale já solicitou o licenciamento ambiental. A linha será interligada ao sistema ferroviário da região e com a Estrada de ferro Vitória-Minas. Significaria uma mudança em relação à estrutura logística que a Samarco utiliza hoje, de transporte por meio de mineroduto. O estudo para a quarta pelotizadora deverá ser concluído em 1,8 ano. A jornalista viajou a convite da empresa
Gazeta Mercantil