12/06/08

Mariana (MG), 12 de Junho de 2008 – A Samarco Mineração, empresa de propriedade em partes iguais da Companhia Vale do Rio Doce (Vale) e da BHP Billinton, inaugurou ontem a expansão do seu mineroduto, que passará a transportar 22 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, desde suas jazidas em Mariana, em Minas Gerais, até a cidade de Anchieta, no litoral do Espírito Santo. Neste local, o minério é transformado em pelotas em três usinas de pelotização e exportado. Após a operação industrial, o valor do minério passa de US$ 75 para US$ 160 por tonelada. O aumento de 8 milhões de toneladas sobre a produção anterior de pelotas ocorre no momento em que o preço do produto foi reajustado em 87% e alcança o seu maior valor na história, sem que os custos de produção tenham contribuído para o aumento, segundo informou o presidente da empresa, José Tadeu de Moraes. `Aumentamos o preço simplesmente por conta de que a procura mundial é maior que oferta`, declarou. Em decorrência do aumento simultâneo nos preços e na produção, a receita da Samarco, que foi de cerca de US$1,2 bilhão no ano passado, alcançará R$2,5 bilhão neste ano. Em 2009, já operando a plena carga em todos os meses do ano, o diretor financeiro da companhia, Eduardo Bahia, estima que a receita alcance US$3 bilhões. `Aumentamos a oferta de pelotas de minério de ferro mas ainda é insuficiente, por isso os preços não cairão `, declarou. O crescente aumento da demanda por pelotas de minério tem criado situações embaraçosas para a Samarco, mesmo depois de realizar uma expansão de 54% na sua produção. Em 18 de abril último, quando foi inaugurada a terceira usina de pelotização, no Espírito Santo, o diretor comercial da mineradora, Roberto de Carvalho, organizou um seminário com seus clientes em Vitória (ES) exatamente para informar-lhes que não poderia aumentar o fornecimento do produto para todos. `Hoje, boa parte da nossa produção está vendida por 15 anos e o meu maior trabalho consiste num esforço de não-vendas; isto é, o de informar de maneira cordial que não temos mercadoria para entregar`, disse. O presidente da Samarco, por sua vez, revelou que a diretoria encarregada de realizar a expansão concluída ontem não foi desativada e que recebeu a atribuição de realizar estudos, iniciados há dois meses para a programação de nova expansão. O projeto tem o objetivo de viabilizar a construção da quarta usina de pelotização, também no Espírito Santo. `O projeto será apresentado aos acionistas em meados do próximo ano e acrescentará mais 8 milhões de toneladas de pelotas em nossa produção`, afirmou. A empresa pretende realizar a futura expansão nos mesmos termos da concluída, que custou US$1,6 bilhão e foi executada em 36 meses. A metade dos investimentos foi realizada com recursos próprios. Com o novo acréscimo, a Samarco alcançará produção de 30 milhões de toneladas de pelotas. Siderúrgica O dirigente informou que os mais recentes levantamentos geológicos realizados pela empresa, revelaram que suas reservas de minério de ferro aumentaram de 1,1 bilhão para 1,8 bilhão de toneladas. É provável que alcancem 2,2 bilhões de toneladas. Disse ainda que, em decorrência desse enorme acréscimo das reservas e da pequena capacidade de escoamento por meio do mineroduto, a empresa examina a possibilidade de se associar na construção de usinas siderúrgicas, desde que sua parte nos investimentos seja integralizado apenas por meio do fornecimento de minério de ferro. A empresa examina, também, a possibilidade de construir uma usina de pelotização em Mariana, onde se localizam as suas jazidas. Durante a solenidade de inauguração do mineroduto, o governador mineiro Aécio Neves reclamou que o Brasil produzirá neste ano cerca de 300 milhões de toneladas de minério, dos quais apenas 30 milhões serão transformadas em aço no País. `Precisamos nos unir, empresas e governo, para agregar maior valor às nossas riquezas minerais`, afirmou o governador. (Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 7)(Durval Guimarães)

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