Salário de iniciante é de R$ 7.000
02/04/12
Apesar da boa fase, setor pode passar por ciclos de altos e baixos
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Como todo produto que se torna escasso, a mão de obra de profissionais da área de mineração subiu de preço.
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Segundo informações de consultorias especializadas no setor de mineração, o salário médio de um geólogo júnior, formado há dois anos, é de aproximadamente R$ 7.000. Um pleno (com cinco anos de mercado) recebe cerca de R$ 12 mil.
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Os números para engenheiros de minas também funcionam como atrativo. Um técnico na área ganha, em média, R$ 4.000.
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Ao graduar-se, o geólogo Rafael Beruski, 24, pôde escolher uma entre três empresas interessadas nele.
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Depois de analisar remuneração e benefícios de cada uma das companhias, optou pela multinacional AngloGold Ashanti. Ele trocou Curitiba por Sabará (a 21 quilômetros de Belo Horizonte), onde atualmente trabalha em uma mina de ouro -um tipo de commodity na qual ele queria ter experiência.
Ouro é o segundo minério mais importante para as exportações do Brasil, atrás – bem atrás- do ferro (veja quadro na página ao lado).
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SOLIDÃO
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“O único aspecto negativo [da carreira] é ter de ficar longe da família. Minha profissão exige que eu vá atrás do minério”, diz Beruski.
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Ele conta que vê os parentes a cada dois meses.
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Beruski trabalha em uma mina subterrânea e precisa ter precauções ao descer -o solo apresenta superfície irregular e há pedras que podem cair, por exemplo.
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Devido ao ruído, à temperatura e à vibração a que estão sujeitos os profissionais, todas as atividades de extração mineral têm grau 4 de risco, o mais alto da CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas).
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Rogério José Guimarães Pinheiro, coordenador de segurança da mineradora Codelco, explica que há riscos químicos, especialmente por causa da poeira levantada nas minas.
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O grau de risco de uma atividade é classificado de acordo com o tempo de exposição a esses fatores.
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CICLOS
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Como todo recurso natural é finito, e a natureza desse setor, flutuante, o bom momento da mineração não deve durar para sempre.
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O consultor Carlos Horádio Bertoni, 60, formado em geologia em 1974, diz ter testemunhado muitos altos e baixos na profissão. “Tratando-se de commodities, é natural que existam esses ciclos”, afirma.
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Nos últimos seis meses, o preço do minério de ferro variou bastante. De um pico de US$ 180 por tonelada, caiu para US$ 110 e atualmente está na faixa de US$ 147.
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É impossível prever com exatidão como o mercado estará em quatro anos, e quem entra na universidade em um bom momento pode graduar-se em fase de baixa.
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Da turma de 20 formados na UnB (Universidade de Brasília), apenas seis ex-colegas de Bertoni ainda trabalham como geólogos -ele mesmo teve de morar fora do Brasil durante 12 anos. Entre 1980 e 1992, ele passou por Canadá, Guiana, Guiana Francesa e Suriname, porque o mercado nacional vivia um período muito ruim.
Folha de S. Paulo