Russos querem liderança em alumínio e mineração
31/08/06
O plano de fusão das produtoras russas de alumínio Rusal e Sual, líder e vice-líder no país, não criará apenas a maior do mundo no setor, mas também poderá alicerçar as bases para que em poucos anos formem um grande grupo minerador, rival em tamanho com as gigantes BHP Billiton e Rio Tinto.
A Sual é administrada por Brian Gilbertson, ex-executivo-chefe da BHP Billiton, maior mineradora mundial. Gilbertson deve tornar-se presidente do conselho de administração da empresa combinada, se o acordo for fechado. O executivo-chefe da Rusal, Alexander Bulygin, manterá o cargo. A nova empresa manterá o nome Rusal.
Fontes próximas ao acordo disseram que o grupo viu Gilbertson – conhecido por ser um ambicioso organizador de acordos entre empresas do setor de mineração – como um ativo valioso, que poderia criar uma gigante russa da mineração.
A Rusal planeja ser listada na Bolsa de Valores de Londres após a fusão com a Sual e algumas operações da operadora suíça de metais Glencore, que também foram compradas. O objetivo é usar essas ações em acordos com mineradoras e outras empresas internacionais fora do setor de alumínio.
O desejo em diversificar-se reflete o fato de que grupos com ativos mais variados normalmente têm melhor desempenho no mercado acionário e conseguem lidar mais facilmente com a volatilidade dos preços das commodities.
“Nossa ambição vai além deste acordo. Vemos isto como a criação de uma BHP Billiton russa; de capital aberto, diversificada e compradora”, destacou a Rusa.
No ano passado, a Rusal produziu 2,7 milhões de toneladas, o terceiro maior volume no mundo, atrás da americana Alcoa e da canadense Alcan. A Sual, sétima maior, produziu 1,04 milhão de toneladas. As maiores instalações da Rusal estão na Sibéria, mas ela possui operações de bauxita e alúmina na Austrália, Guiné e Guiana. A Sual é centralizada na Rússia, embora possua ativos na Ucrânia.
O acordo proposto inclui a compra dos ativos de alumina e alumínio da Glencore, a sigilosa empresa suíça que detém participação de 36% na Xstrata, mineradora listada no Reino Unido. Após assumir o controle da Sua!, a Rusal não deverá fechar nenhuma usina. A produção combinada, de 3,8 milhões de toneladas, a colocará à frente da da Alcoa, de 3,7 milhões. Bulygin afirmou no ano passado que almejava tomar a Rusal a maior do mundo até 2013.
A combinação faz sentido, estrategicamente, segundo analistas. A Rusal possui muitos ativos de geração de energia, mas sofre com falta de matéria-prima. Em contraste, a Sual possui várias minas de bauxita e refinarias de alumina e poucas instalações industriais e usinas de energia elétrica.
As empresas negociaram a fusão por 18 meses, segundo fontes próximas às discussões, e um acordo foi quase alcançado duas vezes. Os principais acionistas, Oleg Deripaska, da Rusal, e Victor Vekselberg, da Sual não se entenderam nessas ocasiões. Há algum tempo, entretanto, tinham alguns acordos de cooperação. No ano passado, os dois grupos acertaram desenvolver em conjunto uma mina de bauxita e uma refinaria de alumina na remota região russa de Komi, um projeto de US$ 1 bilhão.
Do Valor Econômico