Robôs e vermes submarinos: o futuro da mineração?
27/08/08
Por Pav Jordan
SANTIAGO (Reuters) – A inovação mundial no setor de mineração, que não apresenta inovações notáveis há meio século, pode estar a ponto de despertar, com o uso de robôs e de vermes marinhos gigantes como inspiração, de acordo com especialistas em tecnologia de mineração.
As empresas mineradoras terão de começar a gastar mais em inovação, à medida que se torna necessário enfrentar terreno mais difícil para explorar riquezas, disse Sverker Hartwig, diretor de tecnologia da Atlas Copco, uma fabricante multinacional de equipamento para mineração.
O inventor Hartwig disse que “o problema é que as minas de superfície estão tendo de recorrer a escavações cada vez mais profundas, e os teores de minério vêm ficando cada vez mais baixos”.
No momento em que os metais passam por um dos mais longos ciclos de alta de preços da história recente, as minas que atendem à demanda há décadas estão envelhecendo, e as empresas do setor correm para encontrar novas maneiras de explorar os recursos que se reduzem cada vez mais.
Quer se trate de prospectar os leitos dos oceanos ou escavar a profundidades ainda maiores sob regiões de selva, as mineradoras terão de descobrir novas maneiras de extrair minerais mais rapidamente, a fim de aproveitar o boom nos preços das commodities.
Para Hartwig, a última grande inovação no setor veio em 1958, com o Rubber Wheel Articulated Loader, uma espécie de pá mecânica que substituiu o uso de ferrovias em minas, por volta dos anos 70.
“Muitas das novas minas subterrâneas que estão em planejamento são muito profundas, muito grandes e em alguns casos envolvem rochas desfavoráveis, e os investimentos necessários em termos de dinheiro e tempo serão incríveis”, disse Hartwig em entrevista à Reuters no Chile, um dos líderes mundiais na mineração do cobre.
Encontrar recursos mineráveis pode custar entre 50 milhões e 100 milhões de dólares. Preparar o local para uma mina tradicional custa mais 1 bilhão de dólares.
O custo e os prazos intimidam os conselhos de empresas que relutam em investir pesadamente em minas que podem demorar ainda uma década a apresentar impacto positivo no fluxo de caixa.
O setor concorda que há necessidade de tecnologias novas e mais rápidas. A Codelco, por exemplo, já usa grandes caminhões dirigidos por controle remoto em sua mina de cobre de Gaby, no norte do Chile.
No fundo do Oceano Pacífico, cientistas encontraram vermes gigantes capazes de suportar temperaturas e níveis de enxofre muito elevados, que portam bactérias capazes de transformar moléculas e nutrientes em matéria orgânica.
“Creio que o próximo passo virá quando alguém descobrir como trazer um deles à superfície e o colocar para trabalhar em uma unidade de processamento”, disse Greg Baiden, professor de robótica e automação na Laurentian University, Canadá.
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