Rio Tinto revê projetos de expansão em seu país
28/05/12
Ao mesmo tempo em que a Rio Tinto planeja investimentos massivos na América Latina, na Austrália alguns projetos de expansão estão sendo revisados. Diante do aumento dos custos de produção no país, da queda nos preços das commodities, dos riscos da desaceleração da China e da valorização do dólar australiano até o pico de março, a expansão da produção de carvão da empresa está passando por um processo de análise. Estão sendo revisados os níveis de investimentos necessários e custos envolvidos nos novos projetos. Na área do alumínio, a Rio Tinto criou no fim do ano passado um novo negócio para transferir os ativos e prepará-los para venda.
“Os projetos na Austrália não estão sendo arquivados, mas estão passando por um exame mais atento”, afirmou ao Valor o diretor da Rio Tinto na Austrália, David Peever. “O país se tornou menos atrativo no setor mineral, apesar de ser um bom lugar para se investir.”
A Austrália está entre os cinco maiores produtores de carvão do mundo, exportando US$ 45 bilhões no ano passado, principalmente para a China e a Índia, segundo dados do Departamento de Relações Exteriores e Comércio do país. Com o boom experimentado no setor mineral nos últimos anos, impulsionado principalmente pelo consumo chinês, os projetos foram crescendo rapidamente e puxaram os preços das matérias-primas, dos salários e dos demais custos operacionais e de capital.
As pressões que vieram desse contexto, segundo Peever, têm feito com que seja mais complexo se operar no país. “Começamos a questionar alguns planos.” Os projetos de carvão que voltaram ao estágio de análise ainda não tinham sido aprovados pelo conselho da empresa. A Rio Tinto não fornece detalhes sobre esses planos.
No segmento de alumínio, por sua vez, a companhia anunciou a “racionalização” de seus ativos. Seis ativos na Austrália e Nova Zelândia estão sendo transferidos para uma nova unidade de negócios chamada Pacific Aluminium para posterior venda. Estão nesta situação quatro fundições, uma mina e uma refinaria de alumina, além de uma estação de energia, associada às operações. Ficaram fora da reestruturação uma mina, duas refinarias e uma fundição. Estes ativos “non-core”, ou seja, fora do foco estratégico da empresa, se somam a operações na França, Alemanha, EUA e Reino Unido. “Nossa estratégia para alumínio é simples. Precisamos trazer retorno para os acionistas. Assim, precisamos de ativos grandes, bons e sustentáveis no longo prazo”, disse Peever.
No Brasil, as operações da Rio Tinto se resumem a uma mina de bauxita no Pará e uma refinaria no Maranhão. Já na Austrália – que abriga 44% dos ativos – ela opera nos segmentos de alumínio, energia, cobre, diamante, urânio, sal e minério de ferro. O último é o produto mais importante, representando quase 50% dos seus negócios globais. O alumino representa 20% da receita do grupo.
Para 2012, o executivo espera que a empresa continue enfrentando desafios no segmento de alumínio, mas é positivo com relação às áreas de minério de ferro e energia, ambas com os escritórios centrais baseados na Austrália. “Mantemos a visão de que a China terá uma aterrissagem suave. Mas o governo está olhando para isso, o que ajuda as perspectivas para o minério de ferro e a indústria de mineração na Austrália”, explicou.
O setor de mineração australiano representa 7,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas é responsável por dois terços das exportações. A China recebe 22,6% das vendas de minerais da Austrália.
Mais de 30% dos US$ 60,5 bilhões da receita que a Rio Tinto acumulou em 2011 vêm das vendas para a China. A empresa obteve lucro líquido de US$ 5,8 bilhões, queda de 59% ante 2010, resultado pressionado pela forte redução do valor recuperável dos ativos no segmento de alumínio.
Valor Econômico