Recuperação só a partir do 2º semestre
05/01/09
As empresas do setor de mineração e siderurgia somente devem apresentar alguma recuperação a partir do segundo semestre deste ano, de acordo com especialistas. A expectativa está relacionada aos cortes de produção que foram feitos pelas companhias em 2008. Com essas medidas, as empresas estimularam o consumo dos estoques, o que poderá levar a uma melhoria no preço do minério de ferro e do aço nos próximos meses.Para o analista da Corretora Geração Futuro Carlos Kochenborger, é muito difícil traçar um cenário para o ano, mas, sem dúvida, afirmou, 2009 deverá ser um ano mais fraco em volume de vendas e de receita para as empresas. “O primeiro trimestre deve ser tão ruim ou até pior do que o último trimestre de 2008. Não é possível calcular com precisão o volume de estoque que está armazenado nas cadeias de distribuição. Somente no segundo semestre os estoques deverão estar mais condizentes com a demanda. Em 2009, o mundo vai trabalhar em ritmo diferente de antes da crise mundial, as empresas devem produzir menos e o consumo da população deverá diminuir”, disse Kochenborger. O preço dos principais insumos da siderurgia, como o minério de ferro e o carvão, ainda não foi definido. “Caso as projeções de queda destes dois produtos se confirmem, a rentabilidade das siderúrgicas pode ser mantida em um nível favorável mesmo com a queda dos preços do aço”, afirmou Kochenborger.O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), em uma previsão feita antes da crise mundial, estimava que a produção seria de 36,2 milhões de toneladas de aço bruto em 2008, expansão de 7,4% sobre o volume de 2007. A nova expectativa para o fechamento de 2008 é de crescimento de 1,1%, com produção de 34,1 milhões de toneladas.2008. “O ano de 2008 terminou positivo para o setor, mesmo com a forte desaceleração do último trimestre. Para 2009, as expectativas são incertas. Muitas empresas estão usando este momento para fazer manutenção, pois, no caso de retomada da economia, não será preciso fazer outras paradas. Usiminas, Açominas, Arcelor Tubarão, Arcelor Mittal e Valorec tinham programado parada para 2009 e 2010, mas optaram por antecipar a manutenção”, afirmou o vice-presidente executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes. Para ele, o ponto fraco do mercado é a importação de aço chinês pela América Latina, que cresceu 50%. A redução do ritmo de crescimento da China pode gerar excedentes de aço, muito além das 50 milhões de toneladas exportadas “É de vital importância que o país preserve o mercado interno”, explicou. Para o setor de mineração, o ano dependerá de muitas variáveis. De acordo com o gerente de Dados Econômicos do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Antonio Lannes, no primeiro semestre será possível avaliar como a economia chinesa irá reagir aos pacotes adotados pelo governo. “Em 2009, as empresas devem diminuir o ritmo de produção com férias coletivas e demissões, mas o momento será de indefinições para o setor”, afirmou Lannes.Os chineses acumulam estoques e reduziram as encomendas de minério de ferro. A meta dos chineses é diminuir os preços do minério. Para Kochenborger, empresas como a Vale, por exemplo, devem adiar as negociações sobre o preço do aço com a China. “A China, maior consumidora de aço do mundo, tem muito estoque e desta forma pode pressionar pela redução do preço do minério”, afirmou o analista.As estimativas do Ibram indicam que, em 2008, a produção mineral brasileira deve alcançar R$ 54 bilhões, aumento de 17% se comparada a 2007, que foi de R$ 46 bilhões, excluídos petróleo e gás. A produção de minério de ferro registrou aumento acima de 16% em quantidade produzida. Ao considerar a indústria da mineração e transformação mineral, o valor da produção mineral brasileira deve subir para R$ 152 bilhões, valor 13% maior do que em 2007 (R$ 134 bilhões).
Jornal do Commercio Brasil – RJ