07/04/08

Sinais da vida moderna e de um crescimento econômico inesperado chegam a pequenos municípios da Região Central de Minas Gerais, beneficiados por investimentos superiores a R$ 13 bilhões até 2013 em projetos de expansão de gigantes da indústria siderúrgica e da mineração. O pólo do desenvolvimento está concentrado em Conselheiro Lafaiete, a 100 quilômetros de Belo Horizonte – mas todas as cidades próximas já estão se beneficiando da nova onda.Há apenas cinco meses, os moradores de Jeceaba, distante 124 quilômetros de BH, falaram pela primeira vez ao telefone celular dentro dos limites da cidade, que tem como principais fontes de receita a agricultura e os salários do serviço público. Em São Brás do Suaçuí, o tráfego pesado de caminhões e carretas pôs fim às tardes tranqüilas em que só se ouvia o som da música, motivo de orgulho dos pouco mais de 3,3 mil habitantes.Falta material de construção para atender o ritmo de trabalho das empreiteiras nas obras industriais e de uma nova classe de construtores locais em Conselheiro Lafaiete, Entre Rios de Minas e Congonhas. As concessionárias de veículos foram surpreendidas pela procura intensa por carros e caminhões zero-quilômetro. O cliente tem de aguadar de 60 a 120 dias, dependendo do modelo, para receber a encomenda.Da BR-040, que dá acesso às áreas escolhidas nesses municípios por grandes empresas como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Vallourec Sumitomo do Brasil (VSB) e o grupo siderúrgico Gerdau para ampliar suas atividades, é difícil encontrar alguém alheio aos efeitos do progresso, da promessa de criação de milhares de empregos e da especulação imobiliária. De pé às 5h, Adriano Paulo de Assis, de 34 anos, Juliano Lino da Conceição, de 29, e Eli Advir Borges, 26, se preparam para a caminhada de um imóvel alugado em Conselheiro Lafaiete à Praça de São Sebastião. Eles trocaram o trabalho na lavoura em Pirangas, a 70 quilômetros de Lafaiete, pelo emprego de ajudante de pedreiro nas obras de ampliação da Gerdau Açominas, em Ouro Branco.

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