Protesto contra desemprego
09/01/09
A Vale adiou as férias coletivas de 450 empregados da mina de Fábrica Nova, localizada em Mariana (MG). A empresa afirmou que está se adequando ao consumo. Em dezembro, a companhia havia anunciado que em função da crise concederia férias coletivas a 5,5 mil funcionários em todo o mundo, sendo que 80% desses empregados nas unidades da mineradora em Minas. Com a adequação, o número de funcionários em férias coletivas cai para 5.050. A Vale ressaltou, porém, que o adiamento não significa que a concessão de férias coletivas não possa ser retomada no futuro. Apesar dessa pequena melhora, o clima entre os trabalhadores é de luta pela manutenção de empregos. Itabira, berço da mineração em Minas Gerais, com 105 mil habitantes parou ontem para protestar contra o corte de vagas de trabalho. Cerca de 1,4 mil pessoas participaram do ato público à tarde, com o comércio de portas fechadas e a liberação dos funcionários da prefeitura local. As demissões alcançam 1.560 trabalhadores das empresas prestadoras de serviços à Vale só em Itabira, além de 90 ex-empregados diretos da mineradora, dispensados entre outubro e esta semana, segundo levantamento do Sindicato dos Trabalhadores na indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase). A Vale contesta os números, informando ter dispensado 62 trabalhadores. Direitos Segundo Paulo Soares de Souza, presidente do Metabase de Itabira, com base nas homologações de sindicatos de trabalhadores em todo o estado, em 27 reservas da companhia em Minas 12 mil empregos foram cortados nas prestadoras de serviços e 3 mil pessoas deixaram o quadro direto de empregados da Vale. A mineradora também contesta esses dados, informando, por meio de sua assessoria de imprensa, ter dispensado 1,3 mil trabalhadores no mundo, dos quais 260 em Minas. A companhia divulgou ter encerrado dezembro com um saldo de 5 mil empregos no Brasil, em comparação aos postos de trabalho mantidos em janeiro do ano passado. ?Além das demissões, a Vale quer flexibilizar direitos trabalhistas e reduzir salários, mas não vamos aceitar?, afirmou Souza. O corte de empregos preocupa a prefeitura e os comerciantes de Itabira, já que a Vale é a maior empregadora no município. A redução da produção que a mineradora anunciou levará a uma queda de R$ 30 milhões, este ano, na arrecadação municipal. A cifra representa 20% do orçamento da prefeitura e compromete investimentos de R$ 150 milhões previstos para este ano. No comércio, as demissões resultaram em 10% de queda das vendas no mês passado, que deveria ser o melhor período de vendas para o setor, informou Maurício Henrique Martins, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itabira. ?Já sentimos os efeitos inclusive em demissões nas lojas, por isso precisamos tentar inibir novas dispensas?, afirmou o empresário. Na própria rede de lojas de Martins ? a Cor&Tom, de artigos de vestuário, calçados e presentes, foram demitidos 10 empregados do quadro total de 60 pessoas.
Corrreio Braziliense