Protesto contra Angra 3
09/08/07
Integrantes de organizações não-governamentais promovem ato na Esplanada contra a decisão do governo de retomar o programa nuclear. Manifestantes entregam carta de repúdio no Congresso e no Planalto Manifestação em Brasília alerta para programa caro e arriscado Organizações Não-Governamentais (ONGs) lideradas pelo Greenpeace e SOS Mata Atlântica fizeram ontem, na Praça dos Três Poderes, uma nova manifestação contra a decisão do governo de retomar o Programa Nuclear Brasileiro e reiniciar as obras para a instalação da usina nuclear Angra 3. Com camisetas e cartazes dizendo “Nuclear Não” eles entregaram no Palácio do Planalto e a congressistas uma “carta de repúdio” ao programa. “Angra 3 já era superada há 20 anos. Podemos investir na geração de energia pela biomassa produzida pelas usinas de álcool, ou outras formas alternativas, como eólica e solar”, defende o diretor de mobilização da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani.Além de sustentarem que o programa nuclear é “ultrapassado, caro e arriscado”, os ambientalistas sugerem que haveria interesse do país em dominar a tecnologia para construir bombas atômicas e não evitar um apagão, uma vez que a usina só ficaria pronta em cinco anos. “No Brasil, historicamente, a relação entre o uso da energia nuclear para fins energéticos e para fins militares é muito estreita”, afirmam as 15 entidades que assinam a carta de repúdio. A construção de Angra 3 foi aprovada no final de junho pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e a expectativa do Ministério de Minas e Energia é de que as obras sejam iniciadas ainda este ano. A usina pode gerar 1,3 mil megawatts, mas essa eletricidade só deve estar disponível a partir de 2013. O custo estimado é de R$ 7,4 bilhões, além dos R$ 700 milhões que já foram investidos. Para engrossar o protesto, também foram convidados parentes das vítimas do césio 137, que em 1987 matou quatro pessoas, contaminou pelo menos 675 ? além de causar a morte de outras 59 por doenças ligadas ao contato com o produto nos últimos 20 anos.Irmão do dono do ferro-velho onde o acidente com o césio começou (ao ser aberto um aparelho de radioterapia), Odesson Alves Ferreira lembrou que o maior problema do programa nuclear não é a energia, mas o resultado. “A energia é limpa, o problema é o resíduo. E no Brasil os locais para guardar ainda são todos provisórios”, afirma. Foto: Marcelo Ferreira – Correio Braziliense
Correio Braziliense