Projeto da silvinita esbarra na questão ambiental
02/09/08
BRASÍLIA (SUCURSAL) – A Petrobrás alegou “razões estratégicas” para desistir do negócio com a empresa canadense Falcon Metais, vencedora do leilão realizado em junho deste ano para explorar a mina de silvinita do Município de Nova Olinda do Norte (a 138 quilômetros de Manaus). Além da revisão do marco regulatório para o setor de mineração, a estatal e o Ministério de Minas e Energia (MME) também estão preocupados com as questões ambientais e com a agregação de valor aos minerais explorados em território brasileiro.
E não é apenas o Governo que se preocupa com o meio ambiente quando se trata de exploração mineral. O diretor-presidente da Vale (antiga Companhia Vale do Rio Doce), Roger Agnelli, admitiu que a empresa deixou de participar do leilão realizado pela Petrobrás para a exploração da silvinita do Amazonas por conta dos danos à natureza. “Na extração da silvinita há uma questão importantíssima que é o impacto ambiental porque você joga água de um lado e tira a salmora de outro e isso é no meio da Amazônia. E no meio Amazônia tem que ter uma cautela danada com a questão ambiental”, disse Agnelli.Para o mais importante empresário da mineração brasileira e um dos mais influentes no mundo, o fato de uma empresa do porte da Falcon Metais, não muito conhecida e classificada por ele como “empresa júnior”, assumir um desafio como a exploração de um mineral altamente impactante, no mínimo, o Governo tem que chamá-la e alertar: “vocês estão em um lugar extraordinariamente sensível no meio da Amazônia. Qual o processo, qual a regra que vai ser utilizada para não gerar impacto ambiental”. O diretor-presidente da Vale lembrou que a mineradora explora silvinita na Argentina e em Sergipe. “Veja que temos interesse e tecnologia também. Só não entramos no Amazonas por causa do receio ambiental”.Dupla trapalhadaNa opinião do diretor da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, a desistência da Petrobrás em relação à exploração da silvinita no Amazonas se deu porque percebeu que não estava fazendo um bom negócio diante da crescente demanda (e preço) dos fertilizantes em todo o mundo e também pelo fato do desconhecimento científico do local de exploração. “Ninguém sabe o que há e o que pode acontecer com uma perfuração de cerca de 1,5 mil metros de profundidade naquela região de várzea. E os impactos à região?”, questionou Smeraldi. O ambientalista também desconhece qualquer estudo de impacto ambiental (Eia-Rima) e pede rigor na autorização e licenciamento para áreas de exploração mineral na Amazônia.
A Crítica – AM