Produção em escala em xeque
03/06/08
APG diz que não se pode afirmar existência de reservas de minério de ferro que tornem o Ceará um grande produtorA viabilidade técnico-econômica da exploração de minério de fero no Ceará está sendo colocada em xeque pela Associação Profissional dos Geólogos do Ceará (APGCE). ´Até o presente momento, não se pode afirmar a existência de reservas de minério de ferro que possam tornar o Estado um grande produtor´, resume o presidente da entidade, o geólogo Fernando Antônio da Costa Roberto, que também é técnico do Departamento Nacional de Produção Mineral no Estado (DNPM/CE). Segundo ele, exaustivos estudos técnicos para a prospecção de ocorrências minerais levam pelo menos seis anos. ´Antes desse prazo, é pouco provável existir qualquer resposta contundente sobre a existência e a viabilidade econômica de jazidas no Ceará´, sustenta o especialista, que encaminhou carta à imprensa local. ´Este mesmo documento, nós encaminhamos ao presidente da Adece, Antônio Balhmann, para que o Estado não faça uma divulgação equivocada sobre o potencial do Estado´.O último estudo conclusivo sobre ocorrências minerais no Estado, conforme o presidente da APG-CE, data de 1974, feito por meio de parceria entre o Governo do Estado, mediante convênio com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). O resultado foi o registro de 42 ocorrências de ferro no Ceará. Outro levantamento, o Cadastro Mineiro do DNPM, constata um total de 150 áreas com requerimento de pesquisa e alvará de pesquisa, além de duas áreas com concessão de lavra, totalizando 152 áreas (processos de mineração) no Estado. Atualmente, apenas duas áreas encontram-se com concessão de lavra e reservas aprovadas pelo DNPM. São áreas nos municípios de Quiterianópolis e Independência, concessão em nome das empresas Carbomil S/A Mineração e Indústria (uma) e Libra ? Ligas do Brasil S/A (uma). ´As áreas estão situadas nas localidades de Serra do Bezerro e São Francisco, com teores de ferro variando de 60,33% a 63,43%. Em 1985, as reservas foram reavaliadas pelas empresas e aprovadas pelo DNPM´.Quanto às demais áreas, encontram-se nas fases de requerimento e autorização de pesquisa, destacando-se os estudos em Sobral. ´Os trabalhos de pesquisa até agora realizados não foram suficientes para a definição da jazida, isto é, as reservas de minério de ferro não estão cubadas para que possam ser aproveitadas economicamente´. De acordo com Roberto, a Vale pesquisa no Estado há pelo menos seis anos, minério de cobre, precisamente nos municípios de Viçosa do Ceará, Granja, Parambu e Aurora. ´Apenas resultados preliminares dos trabalhos de pesquisa foram apresentados ao DNPM para prorrogação dos Alvarás de Autorização de Pesquisa por mais três anos. A Vale está sim, pesquisando minério de cobre e não minério de ferro. Trata-se de pesquisa de minério de cobre na região de Cococi, Municípios de Parambu e Tauá´, afirma Roberto.Procurado pela reportagem, o presidente da Adece, Antônio Balhmann, argumentou que nunca disse que o Estado se tornaria um grande produtor de minério de ferro. ´O que aconteceu foi uma mudança de cenário, no qual existe a viabilidade, em função do que já existe, de o Ceará exportar´, diz. Ele afirma que isso ocorre em razão da maior demanda pelo produto por parte da China e da Índia ? cerca de 65% maior em 2007 ? e sua valorização. ´Antes o lastro era baixo´, lembra. ´Não há grande quantidade [de minério de ferro], mas há jazidas no Estado sendo pesquisadas´. FIQUE POR DENTROViabilidade requer pesquisa por seis anosA viabilidade técnico-econômica de uma jazida somente está assegurada após um exaustivo trabalho de pesquisa que pode levar até seis anos. Após apresentação do Relatório Final de Pesquisa ao DNPM, o mesmo é analisado com vistoria in loco para confirmar a execução dos trabalhos de pesquisa e análise de sua viabilidade técnica-econômica. Só assim as reservas de minério são aprovadas, podendo o titular do Alvará de Pesquisa, passar para a fase seguinte que é o Requerimento da Lavra, com apresentação do Plano de Aproveitamento Econômico, que poderá resultar, caso aprovado, na Concessão de Lavra.
Samira de CastroRepórter
Diário do Nordeste