Produção de urânio em Caetité cai 20% no ano
06/12/11
Pelo segundo ano consecutivo a produção de urânio da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que abastece as usinas nucleares de Angra dos Reis, vai ficar abaixo da meta. O gerente da INB Caetité, Hilton Mantovani, diz que a expectativa é fechar o ano com uma produção de 330 toneladas, quase 20% menos do que o esperado. No ano passado, a produção já havia caído quase pela metade e por isso mesmo o minério tem sido importado para atender a demanda das usinas geradoras de energia.
A INB tem enfrentado uma série de adversidades que comprometeram sua produção. Em 2010, foi a demora na obtenção de licenciamento ambiental para ampliação das bacias de reciclagem, onde são armazenados os efluentes do minério, que emperrou a exploração. Neste ano, o problema foi que a empresa ficou 50 dias paradas, segundo Mantovani, em função de uma ação de inspeção conjunta realizada pelos Ministérios Públicos do Trabalho e Federal. Em seguida, os funcionários realizaram uma greve que paralisou a produção por mais 20 dias.
Os moradores da região ficaram especialmente preocupados quando cargas de urânio foram enviadas à cidade
Apesar dos contratempos, a INB tem planos de dobrar a produção de urânio para passar a atender a usina de Angra 3, que está sendo construída pela Eletronuclear. Mantovani diz que serão feitos investimentos de R$ 26 milhões em uma nova mina. A empresa deve modificar a forma de extração já que as minas de céu aberto já estão se exaurindo. O sistema de produção será justamente para evitar que tenham de ser abertas novas bacias para direcionar os efluentes. A terceira bacia, aberta no ano passado, ainda leva quatro ou cinco anos para perder sua capacidade.
A produção do urânio na região ainda é muito controversa entre a população e as autoridades locais tentam minimizar o problema. O prefeito de Caetité, José Barreira, explica que está reivindicando no governo do Estado que seja levada à cidade uma unidade de ecologia para analisar e detectar em definitivo os impactos do urânio na população. “Existe muita lenda em torno dos efeitos da extração do urânio na saúde da população e no meio-ambiente e queremos acabar de uma vez com isso”, disse o prefeito. “Não existem dados científicos que comprovem que houve aumento de doenças em função da exploração do urânio”.
Os moradores da região ficaram especialmente preocupados quando cargas de urânio foram enviadas à cidade. A notícia de que lixo nuclear estivesse sendo enviado à cidade chegou a fazer com que restaurantes e hotéis da cidade sofressem com a queda do movimento, pois os viajantes não queriam comer ou beber nada na cidade em função carga radioativa enviada pela Marinha.
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A INB explicou que não se tratava de lixo nuclear e sim um carregamento de urânio que precisava ser reenvasado para ser enviado ao exterior. Isso é necessário porque o enriquecimento do minério é feito fora do país, como explica o próprio prefeito da cidade. Barreira diz que a empresa é uma das principais fontes de renda da cidade. A empresa fatura cerca de R$ 100 milhões e um terço do Imposto sobre Circulação de Serviços (ICMS) é repassado à cidade, além do Imposto Sobre Serviços gerados.
Valor Econômico