Produção de aço pode dobrar até 2015
23/11/06
Estão hoje em estudo nas companhias siderúrgicas brasileiras projetos de expansão ou construção de novas usinas que garantiriam uma expansão da capacidade instalada do País de até 25 milhões de toneladas entre 2010 e 2015, para cerca de 75 milhões de toneladas, segundo levantamento do Instituo Brasileiro de Siderurgia (IBS). No entanto, para o presidente da entidade, Luiz André Rico Vicente, estes investimentos ainda dependem não apenas da análise das próprias companhias como também do crescimento econômico brasileiro, em taxas suficientes para sustentar uma alta expressiva no crescimento da demanda interna por aço, e também no cenário internacional.
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“Tudo indica que a China, que puxa o crescimento mundial, deve continuar crescendo com forte sustentação pelos próximos dois ou três anos, depois é uma incógnita”, disse. “Mas a questão também é fazer com que este crescimento chinês, que chegou ao mundo inteiro, também chegue aqui, porque até agora não chegou”, acrescentou o executivo, ressaltando a necessidade de o governo brasileiro ter um papel mais ativo no estímulo ao crescimento do País.
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Tributação
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O IBS critica a tributação sobre os investimentos em bens de capital intensivo. De acordo com estudos setoriais, cerca de 30% do total de recursos aplicados em um projeto vão para os cofres público na forma de tributos e somente metade é recuperada posteriormente por meio do ICMS e do PIS/Cofins. “Um total de 14,75% dos investimentos da Arcelor na (unidade da Belgo) em Piracicaba (de R$ 320 milhões, finalizados ano passado) foram para o governo exemplificou o vice-presidente executivo do instituto, Marco Polo de Mello Lopes.
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Apesar da crítica, o setor atualmente já está investindo US$ 11,2 bilhões em projetos, o que resultará em uma ampliação da capacidade instalada no País em 7,3 milhões, para 43,9 milhões de toneladas por ano. Além disso, já foram definidos e estão em estágio inicial de construção duas novas usinas: a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da Companhia Vale do Rio Doce e da Thyssen Krupp, que consumirá US$ 3,5 bilhões em investimentos, e da Ceará Steel, também da Vale, em parceria com a Dongkuk Steel e Danieli, com investimentos previstos da ordem dos US$ 750 milhões.
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Com isso, a previsão é de que em 2010 o Brasil possa produzir até 50,4 milhões de toneladas anuais de aço. “Essas projeções são modestas diante do crescimento da siderurgia mundial. Mesmo que alcancemos 75 milhões de toneladas/ano em 2015, continuaremos atrás da Índia, que vem se desenvolvendo fortemente nos últimos anos”. Hoje o Brasil ocupa a nona posição em termos de produção mundial, atrás da Índia, com produção anual de 38,6 milhões de toneladas anuais. O maior produtor é a China, com 349,4 milhões de toneladas, volume superior à somatória dos quatro maiores produtores seguintes (Japão, Estados Unidos, Rússia e Coréia do Sul), segundo dados do Instituo Internacional do Ferro e do Aço (IISI).
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Compras no exterior
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Questionado por jornalistas estrangeiros sobre porque as siderúrgicas brasileiras preferem investir no exterior a ampliar a produção no país ? em clara referência às recentes aquisições da Gerdau e da proposta da CSN para a compra da anglo holandesa Corus ? Rico afirmou que as companhias nacionais apenas estão participando da transferência de recursos que ocorre em todo o setor mundial. “Está em andamento um adensamento de empresas e não podemos ficar de fora, todas as empresas brasileiras tem perfil consolidador, porque têm recursos, conhecimento e tecnologia de gestão”, disse.
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Para ele, países emergentes como Brasil, ao lado de Índia e Turquia, devem liderar processos de consolidação, já que desenvolveram capacidade de gestão operacional com tecnologia avançada, o que não ocorreu nem na Europa e nem nos Estados Unidos. Segundo o IBS, o setor é ainda muito fragmentado, considerando os fornecedores e consumidores.
Gazeta Mercantil