Primeira usina poderá custar mais de R$ 20 bilhões diz Anace
23/07/07
São Paulo, 23 de Julho de 2007 – A primeira usina do Complexo Madeira, a Santo Antônio (3.150 megawatts), poderá ter um custo bem superior ao anunciado pelo consórcio liderado pela Odebrecht, ou seja, acima dos R$ 12 bilhões, apesar de um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão do Ministério de Minas e Energia, ter apontando recentemente para uma redução de R$ 2,5 bilhões no valor da obra, para R$ 9,5 bilhões. A análise é do presidente do conselho de administração da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Lindolfo Paixão. `Quando o projeto é longo, como no caso do Madeira, mais elevado fica o investimento`, disse Paixão, ao tomar como base os investimentos da hidrelétrica de Itaipu, de 14 mil megawatts (MW) de capacidade instalada. `Inicialmente o custo da obra (de Itaipu) foi orçado em US$ 2 bilhões e acabou em US$ 18 bilhões. Considerando a região onde serão construídas as usinas Santo Antonio e Jirau é absolutamente inevitável o aumento dos custos`, explica o executivo, que aponta para um investimento acima dos R$ 20 bilhões apenas para erguer a usina Santo Antônio. Ainda, ao comparar com Itaipu, Paixão destacou pontos importantes, a considerar que a binacional foi desenvolvida num momento de conflitos na região do Cone Sul. `Foi justamente nesse período que no Brasil os grandes empreendimentos foram interrompidos e todas as atenções foram voltadas para a binacional `, comenta. No início das obras da hidrelétrica de Itaipu, a população na região de Foz do Iguaçu (PR) era de apenas 25 mil habitantes. Com a chegada dos barrageiros – operários que constróem barragens em hidrelétricas -, a região que não tinha infra-estrutura cresceu de maneira ordenada e impulsionada pelo turismo, tanto em Foz de Iguaçu quanto no Paraguai e Argentina. Já na região de Porto Velho, onde serão instaladas as usinas Santo Antonio e Jirau (3.450 MW), a estimativa é de que a população, atualmente de 400 mil habitantes, receba nos próximos anos mais 100 mil habitantes. Os investimentos necessários para infra-estrutura, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), são da ordem de R$ 1,6 bilhão. `Portanto, a partir de agora, todos os investimentos dos governos (federal e estadual) deverão seguir um cronograma para que o desenvolvimento na região onde serão instaladas as usinas seja ordenado, a exemplo de Itaipu`, diz o conselheiro da Anace.
Gazeta Mercantil