Pressionadas, siderúrgicas ficam mais agressivas e vão às compras
04/12/06
Se for aceita, proposta da CSN pela anglo-holandesa Corus pode mudar a face do setor no Brasil
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Agnaldo Brito
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Pressionadas pelo movimento global de consolidação da siderurgia – cujo maior exemplo é a fusão da Mittal com a Arcelor, que criou um gigante de 110 milhões de toneladas de aço -, as companhias brasileiras resolveram partir para o ataque antes de serem engolidas. E, se for bem-sucedida, a oferta de US$ 8,3 bilhões da CSN pela anglo-holandesa Corus pode mudar definitivamente a face da siderurgia nacional.
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O presidente da Arcelor Mittal, Lakshimi Mittal, é quem dá o tom do cenário. Embora detenha cerca de 10% da produção mundial de aço, o executivo diz que ainda é pouco. `Temos de ir bem mais longe`, disse, em entrevista ao jornal indiano The Economic Times. Sozinha, a produção da Arcelor Mittal é quatro vezes superior ao volume de aço produzido por todas as siderúrgicas brasileiras.
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`Em uma década, não existirá mais uma única siderúrgica que produza menos de 5 milhões de toneladas de aço`, afirmou Claudio Pitchon, vice-presidente executivo responsável pelo setor de Mineração e Siderurgia do Banco WestLB. E é nesse contexto que a oferta da CSN se insere.
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Hoje o grupo brasileiro é o 48.º do ranking mundial da siderurgia. Se comprar a Corus – a empresa anglo-holandesa também tem uma oferta da indiana Tata Steel -, chega à 5.ª posição. Um passo ousado para uma empresa que, há pouco tempo, era objeto de rumor persistente de ser alvo de compra. Ironicamente, dois dos principais candidatos a comprar a CSN eram a Corus e a Tata.
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A mensagem da consolidação, na verdade, já havia sido captada por uma empresa nacional, a Gerdau, há tempos. À custa de várias aquisições, a empresa ganhou posições e chegou ao 13.º posto no ranking mundial da siderurgia, com uma produção de 13,7 milhões de toneladas de aço no ano passado. A empresa tem uma posição sólida na América do Norte e está presente em nove países.
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Somente este ano, a Gerdau já gastou US$ 578 milhões em seis aquisições. `De todas as siderúrgicas brasileiras, a Gerdau é a que tem mais o espírito do novo momento da siderurgia`, disse um especialista no setor. E André Gerdau Johannpeter, filho de Jorge Gerdau e novo comandante do grupo a partir de 2 de janeiro, avisa que vai manter o plano.
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Dos três maiores grupos siderúrgicos brasileiros, o mais tímido em relação ao avanço internacional ainda é a Usiminas. Mas essa aparente falta de agressividade parece ter data para acabar. A Vale do Rio Doce, uma das maiores acionistas e principal crítica da postura da empresa em relação às aquisições, entrou recentemente no bloco de controle do grupo.
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A posição da Vale em relação à participação das brasileiras no processo de consolidação da siderurgia é clara. O diretor-executivo da área de Ferrosos da empresa, José Carlos Martins, disse na sexta-feira que as siderúrgicas brasileiras não têm sido capazes de aproveitar as oportunidades de aquisição no exterior. `O Brasil tem sido um ator passivo neste processo, com exceção da Gerdau`, avaliou.
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Apesar de não ter planos definidos para o exterior, a Usiminas tem seus projetos de crescimento. O principal deles é a construção no Brasil de uma fábrica de placas, com capacidade de produção de 5 milhões de toneladas anuais. A empresa estuda parcerias para o investimento, estimado em US$ 3 bilhões.
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O BNDES diz que pode participar do avanço dos grupos brasileiros no exterior. `A siderurgia brasileira é compradora. Cumpridos alguns requisitos, podemos participar da internacionalização`, afirmou Wagner Bittencourt, diretor da área de Infra-estrutura e Insumos Básicos do banco.
O Estado de São Paulo