Presidente do Zimbábue ameaça expropriar empresas estrangeiras
28/06/07
Harare, 28 jun (EFE) – O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, ameaçou hoje expropriar todas as empresas estrangeiras, inclusive as mineradoras, alegando que as companhias supostamente trabalhariam em favor da oposição e com o objetivo de sabotar a economia do país.Mugabe, de 83 anos, está no poder desde a independência da nação africana, em 1980. Seu regime foi acusado de violar os direitos políticos e de informação e de manipular as últimas eleições para permitir que o presidente continuasse no poder.”Vamos embargar as minas, as nacionalizaremos para que não continuem com seus truques sujos”, disse Mugabe, referindo-se à principal indústria do país e uma das mais importantes fontes de recursos.”Nós nos apropriaremos de todas as companhias caso continuem com seu jogo sujo”, ameaçou o dirigente do Zimbábue.A mineração representa 8% do Produto Interno Bruto do país. Os minerais mais importantes extraídos são o ouro, o amianto, o cromo e o carvão.A atividade é regida por uma lei aprovada quando o Zimbábue ainda era colônia do Reino Unido, de 1961, e já sofreu várias emendas. As explorações são supervisionadas pelo presidente.O país africano passa pela crise econômica mais grave de sua história, gerada, entre outras razões, pela desordenada reforma agrária implementada no início desta década e que desapropriou milhares de fazendas que estavam nas mãos de proprietários brancos.A reforma fez com que o Zimbábue deixasse de ser considerado “o celeiro da África” e obrigou o país a importar grãos e recorrer à ajuda de agências internacionais para alimentar a população mais necessitada.Os sinais da crise que o país vive incluem uma inflação próxima a 4.000%, um desemprego ao redor de 80% e uma grave carência de recursos, alimentos e remédios.Em seu discurso, pronunciado no funeral de um ex-dirigente militar na luta pela independência, Paul Gunda, que morreu na quinta-feira em um acidente de trânsito, Mugabe negou que o Zimbábue esteja perto do colapso econômico.”O Zimbábue não está perto da morte. (…) Só pedimos que reconheçam nosso direito como nação soberana”, disse o governante.O presidente reiterou que a oposição quer tirá-lo do poder e insistiu em culpar o Reino Unido e outras nações ocidentais pelos problemas econômicos que o país atravessa por causa da desapropriação das terras que estavam nas mãos de brancos.A União Européia (UE) e Estados Unidos mantêm sanções contra Mugabe e representantes do regime que incluem a proibição de que estes viajem para estas nações e o congelamento de suas contas bancárias.
Agência EFE