Presidente da Fiepa afirma que ações de movimentos ?ditos sociais? inibem investimentos no Pará
14/05/08
O presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), José Conrado Santos, denunciou nesta terça-feira (13) as ações de ?alguns movimentos ditos sociais? que expõem ?suas verdadeiras características de ruptura com o Estado de Direito e de violação arbitrária do direito à propriedade produtiva?. ?Quem quer investir tem medo e quem já está estabelecido tem que redobrar os gastos com segurança?, disse Conrado, no mesmo dia em que garimpeiros e sem-terra interditavam mais uma vez a Estrada de Ferro de Carajás. Ao falar na abertura do ?Fórum Regional: Líderes Pensando o Brasil?, promovido em Belém pelo Fórum de Líderes Empresariais, na sede da Fiepa, José Conrado destacou que, ?atormentado pela dicotomia entre ser um dos mais importantes, senão o mais importante fator de geração de emprego e renda da região e carregar o estigma de ser o principal vetor da degeneração da natureza, o empresariado amazônico se vê forçado a atitudes defensivas, impedido de pro-agir na formulação das soluções que desconhecem ou interpretam erroneamente seu verdadeiro papel nos processos de desenvolvimento da região, desde que emanadas de cima para baixo, sem que as classes produtoras e produtivas sejam consultadas?. ?A percepção de que na Amazônia podem coexistir extrativismo e alta tecnologia, grandes projetos de infra-estrutura energética com pequenas centrais hidrelétricas, atividades agropecuárias altamente mecanizadas com a agricultura familiar tradicional e, ainda, de unidades de conservação de proteção integral com as de uso sustentável, deve ser o fator predominante para o traçado das políticas e ações de desenvolvimento, onde os conflitos sejam resolvidos de forma pacífica e harmônica?, disse o presidente da Fiepa. Ele destacou então que hoje no Brasil os movimentos ditos sociais ?já não se sentem amarrados às tradicionais bandeiras de justiça social, melhoria das condições de vida e dos direitos à moradia, saúde, segurança e educação, esquecendo os conceitos da função social da propriedade e da produtividade dos empreendimentos e das áreas territoriais?. José Conrado ressaltou ainda que um dos pontos centrais da estratégia desses movimentos é tentar obter o apoio dos meios de comunicação em geral, ?na tentativa de torná-los instrumentos de influência da opinião pública?, mas que ?felizmente, as ações ilegais já não encontram respaldo na maior parcela da mídia nacional?. Segundo ele, ?a unificação ou trabalho conjunto dos movimentos do campo e os da cidade solidifica a tendência de transformação dos movimentos sociais em organizações políticas, como prenúncio de uma verdadeira crise institucional na democracia brasileira?. ?A indústria, a agroindústria, a mineração e a atividade imobiliária seriam as responsáveis pelas injustiças no campo e por todos os problemas que continuam assolando nosso país. Nada se fala da alta carga tributária, da insuficiência da legislação e da política fundiária, da falta de estrutura urbana, da burocracia e da insegurança jurídica de quem investe para o desenvolvimento?, afirmou Conrado. Com essas ações, José Conrado lamentou que ?a globalização, o neoliberalismo, as privatizações, as empresas e os proprietários passam a ser responsabilizados por todas as mazelas, justificando o que chamam indevidamente de ?ocupações?, que mascara o verdadeiro semblante das ?invasões?, das violações da propriedade privada, como se esta fosse um bem sem dono?. ?Tentam aproveitar-se do desconhecimento, e em parte da ingenuidade, da população brasileira para passar a impressão de legalidade de justiça em suas ações baseadas na violência?. José Conrado destacou que o Pará está hoje definitivamente inserido na economia global. ?A mineração vem revelando uma das mais valiosas vocações do nosso Estado, trazendo como conseqüência natural os processos de verticalização; o agronegócio é o principal fator de emprego e geração de renda no campo; a indústria madeireira floresce, apesar da inexistência de uma política governamental que imponha normas racionais e eficientes para o manejo sustentável?, disse. A estratégia dos ?ditos movimentos sociais ou, como preferimos, organizações ideológicas, resulta na imposição de obstáculos para o desenvolvimento econômico do Pará, exatamente no momento em que se unem os esforços e recursos para ingressarmos num ciclo sustentado de desenvolvimento, inclusive no campo?, afirmou Conrado. Para ele, há indicação clara de que os investidores ?temem os reflexos negativos dos embates presentes e futuros com as organizações ideológicas?. ?Tanto ou mais que os problemas com a insuficiência de infra-estrutura, a insegurança institucional e jurídica são fatores que pesam a curto, médio e longo prazo na definição dos planos estratégicos de estabelecer empreendimentos na Amazônia?. A atuação empresarial na região também foi abordada por Marcos Marcelino de Oliveira, presidente do Grupo Marcos Marcelino, que criticou as invasões de propriedades e ações de agentes do governo que resultam na interdição de empresas, como no caso da construção civil, sob a alegação de falta de certificação para a madeira utilizada nas obras. Ele também criticou o destaque que a mídia nacional dá para as notícias negativas sobre o Pará. O evento desta terça-feira na Fiepa foi o primeiro seminário de uma série a ser realizada pelo país. Foi aberto pelo secretário-executivo do Fórum de Líderes Empresariais, Lívio Giosa, e por seu presidente do Conselho Diretor, Luiz Fernando Levy. Teve ainda as participações do presidiente da Estacon Engenharia, Lutfala Bitar; do presidente do Banco da Amazônia, Abdias José da Costa Júnior, e do presidente do Fórum, Ozires Silva, ex-presidente de várias empresas, como a Embraer e a Petrobras e ex-ministro da Infra-Estrutura. Ao falar sobre os mecanismos de influência do empresariado, Ozires Silva começou por manifestar uma certa revolta pelo fato do Brasil ainda não ter chegado ao ponto de desenvolvimento em que já deveria estar. Para ele, é preciso a prática de ações para mudar isso e ajudar o país a crescer, deixando de ser apenas o ?país do futuro?. Para Ozires, é preciso criar uma parceria entre o poder público e a sociedade. Disse também que a dicotomia que existe entre o poder público e os empresários, por exemplo, só facilita a entrada de empresas de outros países em nosso mercado. Ozires Silva considera ruim o fato do brasileiro ser subordinado ao poder do Estado. E propôs uma mudança constitucional porque, segundo ele, a Constituição do Brasil é a única no mundo que limita os poderes do povo. ?O dono deste país é o povo brasileiro?, ressaltou. Lutfala Bitar voltou a defender a verticalização da produção paraense, destacando o primeiro passo importante dado nesse sentido pela Vale do Rio Doce, ao anunciar recentemente a instalação de uma siderúrgica em território paraense. Para Bitar, é preciso também combater as desigualdades econômicas e sociais existentes no país.
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