Portos e energia no Brasil são problemas para a mineração
12/03/08
Portos congestionados e energia mais cara representam os principais problemas para as áreas de minério e metais no Brasil, afirmou à Reuters o empresário Eike Batista.
Prestes a vender dois projetos de extração de minério de ferro para a Anglo American Plc, por 5,5 bilhões de dólares, o empresário investe em dois portos e outras instalações de infra-estrutura, além de projetos de energia, como forma de incrementar o setor de mineração no Brasil.
“Os portos do país se parecem com o que a telefonia era na época dos telefones de disco. Só que o mundo já está mais à frente, trabalhando com a banda larga”, afirmou durante o Summit de Mineração da Reuters, que está sendo realizado esta semana.
“Estamos falando sobre a era dos dinossauros. A maior parte dos portos é rasa demais para os embarcações maiores de minério. Vamos fazer portos multifuncionais com ancoradouros de 18 metros de profundidade suplementar, portos com sua própria indústria de base.”
A China e a Índia, parceiros do Brasil na condição de principais mercados emergentes do mundo, já deram o exemplo a esse respeito, afirmou.
Presidente da MMX Mineração, Eike disse que apesar de ter aceitado vender o controle dos projetos de mineração para a Anglo, com uma participação no porto de Açu, no Estado do Rio de Janeiro, que está construindo, vai manter o controle sobre o porto.
“A logística é algo imbatível, é o catalisador de qualquer projeto”, afirmou. “Já temos 20 bilhões de reais em memorandos de intenção de investimento apresentados por parceiros.”
TECHINT, TATA E JFE
Segundo Eike, negociações para envolver no projeto a fabricante de aço italiano-argentina Techint, que poderia construir uma fundição de aço na grande área industrial do porto de Açu, estão avançadas.
“Eles interessam-se pela importação de carvão e pela exportação de aço. Também estamos mantendo conversações com outros parceiros. Há uma tendência de que as empresas estrangeiras de aço venham para o Brasil, para ficarem perto das reservas de minério de ferro. Identificamos três empresas que podem ainda avançar a esse respeito: a Techint, a Tata e a JFE-Kawasaki.”
Com uma fortuna de 6,6 bilhões de dólares Eike ingressou neste ano na lista da revista Forbes com as 200 pessoas mais ricas do mundo, e pretende construir um outro superporto mais ao Sul, entre São Paulo e o Rio de Janeiro.
Outra fatia importante dos seus negócios é a energia, atuando hoje no desenvolvimento de vários projetos de usinas alimentadas por gás, carvão e diesel.
“A energia sempre foi um problema aqui. Uma grande dificuldade é o custo da energia. A única forma de solucionar isso para os setores da mineração e dos metais é investir na geração de energia.”
Ele também diversificou seus investimentos e passou a aplicar na extração de gás e petróleo, roubando a cena no leilão concessões do governo realizado em novembro.
O executivo gastou mais de 1 bilhão de dólares para investir em áreas onde espera encontrar petróleo e gás natural dentro em breve. A extração, segundo prevê, começaria dentro de até quatro anos.
A empresa criada para o setor de energia, a OGX, prepara-se para realizar uma oferta pública inicial de ações para arrecadar até 2,5 bilhões de dólares em maio ou junho.
CAVIAR
No entanto, apesar de ter vendido os projetos para a Anglo e de ter diversificado seus investimentos, Eike continua a manter uma forte presença no setor de mineração, com 700 milhões de toneladas em reservas de minério de ferro e uma produção planejada para 2011 de mais de 25 milhões de toneladas.
A mina de ferro de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, deve mais do que triplicar suas reservas dentro em breve, passando de 63 milhões de toneladas para mais de 200 milhões, afirmou.
“E esse é o caviar beluga do minério, uma parte de fácil acesso. A gente pega o minério com as próprias mãos.”
O empresário estuda a possibilidade de vender 49 por cento da mina de Corumbá para um parceiro, no futuro, mas disse que continuaria a manter o controle sobre o negócio. O local deve passar das atuais 3 milhões de toneladas ao ano para algo em torno de 10 milhões de toneladas anuais em 2011-2012.
O Globo