Pesquisa não garante lavra
20/10/08
A maioria das empresas que pesquisam minérios, aqui ou em qualquer lugar, não chega à fase da lavraApesar do momento otimista que a mineração no Ceará vive, é preciso fazer uma ressalva: área pesquisada não significa, necessariamente, área que será explorada, lavrada. ´A mineração é uma atividade de alto risco´, esclarece o orientador da equipe de Fiscalização do DNPM, Fernando Roberto. E os investidores da mineração do Ceará, em coro, confirmam afirmativa. Segundo Roberto, a maioria das empresas que pesquisam não chegam a lavrar.´Mas isso é em toda parte´, ressalta. Exemplo disso, informa, é a Vale, a maior mineradora do País. ´Ela não tem nenhuma mina no Ceará, apesar de fazer pesquisas há pelo menos três décadas por aqui´.Até agosto desse ano, havia aqui 772 requerimentos de pesquisa, mas apenas 14 de lavra garimpeira.Além disso, existem, atualmente, 174 portarias ativas no Estado, ou seja, 174 áreas com permissão para explorar, o que não quer dizer que elas estejam sendo lavradas.Muitas minas param quando a atividade deixa de se tornar interessante economicamente, e voltam aos trabalhos quando a conjuntura nacional ou internacional passa a favorecer a produção do determinado tipo de minério.MaturaçãoJá as áreas que possuem ocorrência, mas ainda não são consideradas como minas, têm ainda que passar por um longo processo de estudos até ter a certeza de que poderão, enfim, ser viabilizadas. ´Para maturar um projeto, entre pesquisa, dimensionamento, viabilidade econômica, é de cinco a10 anos´, informa Cláudio Ramalho, que é o geólogo gerente de um projeto de pesquisa em minério de ferro em Sobral. Quando se interessa por uma área, a empresa tem apenas o indício de que há a presença de certo minério, mas não a quantidade que tem. Daí, começam as pesquisas, que podem, ou não, ter sucesso. ´Para iniciar a lavra, são analisadas a quantidade e a qualidade do minério. A quantidade vai mostrar se é viável comercializar, e a qualidade vai definir o uso do mineral´, explica o engenheiro de minas do DNPM, Humberto Cavalcante.
Diário do Nordeste