Paulo Haddad: A Mineração e o Processo de Desenvolvimento Sustentável
20/11/07
Durante abertura da 2ª Conferência de Responsabilidade Socioambiental, na segunda-feira (19/11), na Estação das Docas, em Belém, no Pará, o ex-Ministro do Planejamento e da Fazenda, o economista Paulo Haddad, proferiu palestra especial sob o tema ?A mineração e o processo de desenvolvimento sustentável?. O evento é promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração ? IBRAM e acontece até o dia 20/11.Paulo Haddad explicou ? de acordo com estatísticas de 2004 – que os municípios mineradores são mais desenvolvidos e que geralmente, nestas localidades, a produção per capita é superior a R$ 23 mil por habitante, o que representa o dobro da média do país. Segundo ele, não se pode deixar as riquezas minerais ?paradas?. ?É preciso usá-las para gerar prosperidade. O Brasil tem que se tornar mais competitivo?, afirmou. ?Atualmente o ciclo de prosperidade na economia mundial é inédito, nunca visto desde a crise de 1929. Os países desenvolvidos, particularmente os EUA, estão crescendo em uma taxa entre 4% e 5%. Houve o surgimento também da China, neste cenário, como protagonista no comércio internacional. Este país cresce há 15 anos num percentual de 9% ao ano?, revelou o economista. Paulo Haddad alertou que não é todo momento que aparece oportunidades para demandar de forma sustentável a mineração em um município. Para o especialista, como resultado desta prosperidade e da entrada de novos protagonistas no comércio internacional, a demanda por produtos, especialmente, pelos de recursos naturais, é crescente. ?Vejo a mineração como segmento produtivo que deverá ser um dos líderes, um dos motores da expansão da economia brasileira ao longo das próximas duas décadas?, comemorou.Mineração tem que ser competitivaPaulo Haddad citou, durante a palestra, o movimento que os prefeitos de Minas Gerais fazem para aumentar os royalties dos minerais. A medida é conhecida como Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que para o especialista é um exemplo a não ser seguido, pois implica na não competitividade da mineração. ?O Brasil é o país que possui a maior carga tributária do mundo. Pode ser que os prefeitos não achem que esta carga seja elevada. Mas isso compromete a competitividade da mineração brasileira?, disse Haddad.Sociedade x Mineração: ?Não há desenvolvimento sem haver desequilíbrio”Quando uma empresa mineradora chega em uma localidade a mudança é radical e causa incômodo na população. Na primeira fase da implantação há o choque, pois, com os investimentos chegam mão-de-obra, tecnologia, equipamentos, engenheiros etc. De qualquer forma, a mineração ?é um campo de oportunidades que vai multiplicar e diversificar a base produtiva?, diz Paulo Haddad.Paulo declara também que normalmente, a sociedade tem preconceito muito grande em relação a mineração, por causa da época colonial, na época do ouro e diamante, da exploração de produtos que havia no passado. ?Há resistência da comunidade em se especializar como base econômica na mineração. Mas recentemente há uma evolução no seguinte sentido: quando se extrai, por exemplo, uma tonelada de minério de ferro e se coloca no mercado asiático, enfrentando concorrências com outros países, você deve adicionar serviços intensivos de tecnologia e capital humana.?, explicou.Segundo ele, não há desenvolvimento sem haver desequilibro. ?As despesas crescem, mas a arrecadação também. A regra do jogo no Brasil é procurar tecnologias e processos de produção que combinem a atividade mineral com o uso sustentável dos recursos. ?O desenvolvimento sustentável é um processo crescente, entre outros motivos, porque no convívio internacional, para uma empresa participar ativamente, ela precisa ser competitiva internamente, apresentar bons índices de produtividade, como também qualidade e baixo custo?, revelou o especialista. Assessoria de Imprensa e Comunicação Social do IBRAM