31/10/07

WASHINGTON (AFP) ? A Casa Branca anunciou nesta terça-feira que não existe qualquer razão para temer um futuro ataque dos Estados Unidos ao Irã. “Não há razão alguma para que as pessoas acreditem que o presidente está considerando atacar o Irã, é preciso deixar isso claro”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. Indagada se estava certa do que dizia, Perino respondeu: “Estou certa disso, e vamos prosseguir as negociações por via diplomática”. O endurecimento da administração Bush ao regime islâmico, concretizada por novas sanções anunciadas na semana passada, e a persistência do Irã em desafiar as sanções do Conselho de Segurança da ONU, ao prosseguir com o programa de enriquecimento de urânio, relembram os momentos anteriores à guerra do Iraque. O governo americano está convencido de que o Irã pretende construir uma bomba atômica, usando como fachada atividades nucleares civis. O regime islâmico nega veementemente. Nas últimas semanas, Bush alertou para um possível “holocausto nuclear” e a Terceira Guerra mundial, caso o Irã construa armamentos nucleares. Os Estados Unidos também estudam o projeto de um sistema antimíssil para, segundo os americanos, proteger os aliados europeus do perigo balístico iraniano. O Irã poderá dispor de um míssil intercontinental antes de 2015, preveniu a administração Bush na semana passada. Por sua vez, o vice-presidente Dick Cheney afirmou que os atos do Irã podem ter “graves conseqüências”. Bush sempre recusou afastar a opção de um recurso militar contra o Irã. Além disso, segundo Washington, o regime iraniano planeja a destruição de Israel, apóia combatentes rebeldes no Iraque, auxilia os talibãs no Afeganistão e as organizações anti-israelenses consideradas como terroristas, além de ajudar a desestabilizar o governo libanês. Mohamed El Baradei, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tenta manter sob vigilância o programa nuclear iraniano, acusou os líderes americanos de colocar “lenha da fogueira” e afirma não ter nenhuma prova de que o Irã pretenda fabricar bombas atômicas. O porta-voz da Casa Branca afirmou, entretanto, que os Estados Unidos vêm se esforçando diplomaticamente, junto com seus parceiros internacionais, para que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio. Perino assinalou ainda que Bush deve se reunir na semana que vem com dois dos seus principais interlocutores sobre o assunto, o presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel, durante as suas visitas aos Estados Unidos. “O presidente não quer, evidentemente, que ocorra um ataque ao Irã”, afirmou a porta-voz. “Ele acredita que é importante utilizar todos os meios diplomáticos possíveis para convencer Teerã a interromper o programa nuclear”, conclui. Entretanto, afirmou que o agravamento das tensões entre os dois países não é culpa da administração americana. “É devido ao Irã que estamos nessa posição”, afirmou. Os Estados Unidos procuram convencer os outros membros do Conselho de segurança a adotar uma terceira série de sanções mais fortes contra o Irã. O fato da China, e principalmente a Rússia, serem contra essas medidas vêm aumentando a apreensão de que os Estados Unidos, ao não conseguir atingir seus objetivos através do Conselho de Segurança, recorra a outros meios, como aconteceu com o Iraque.

Agência AFP