Para compensar gastos com fretes, Vale negocia com seus fornecedores
19/12/06
A Companhia Vale do Rio Doce fechou nos últimos dias três novos contratos para fornecimento de veículos e equipamentos, que representam mais um passo na estratégia que já rendeu US$ 400 milhões de economia para a mineradora, nos últimos três anos, por meio da renegociação de contratos com fornecedores. Além de firmar o maior contrato já fechado no Brasil para fornecimento de caminhões, no valor de R$ 120 milhões, com a subsidiária brasileira da sueca Scania, a Vale também acertou com a italiana Berco e a americana Amsted Maxion dois novos contratos que somam quase R$ 7,5 milhões.
Responsável pelos novos contratos, o diretor do Departamento de Suprimentos da Vale, Almir Câmara Rezende, administra uma carteira de contratos que soma quase US$ 5 bilhões. O executivo revelou para este jornal que, só por meio da renegociação dos chamados grandes contratos, a companhia obteve uma redução de 10% dos custos nos últimos três anos – que resultou nos US$ 400 milhões de economia.
Levando-se em consideração um índice interno, utilizado para mensurar a redução dos custos de cada setor da Vale, a diretoria de suprimentos deverá encerrar 2006 com uma ligeira deflação. Ou seja, com uma pequena queda dos custos na comparação com o ano anterior.
Competitividade
Rezende lembra que a renegociação com fornecedores constitui o principal pilar da estratégia da Vale para compensar os custos com fretes, a principal desvantagem competitiva em relação à maior concorrente, a mineradora australiana BHP Billiton.
Tal desvantagem, segundo o executivo, ainda não causa maiores problemas para a empresa no atual contexto de preços do minério de ferro, mas pode tornar-se preocupante em um cenário de queda dos preços.
Embora essa não seja a tendência pelo menos para o próximo ano, devido ao alto consumo dos mercados asiáticos, principalmente o chinês, o próprio presidente da Vale, Roger Agnelli, tem dito regularmente que “a empresa precisa se preparar para quando o inverno chegar”.
Em um cenário de menores margens, justifica, cada centavo de economia será necessário para compensar as desvantagens decorrentes da distância do Brasil em relação ao continente asiático.O contrato com a Scania levará a Vale a deixar de adquirir caminhões pesados, do tipo Fora de Estrada, da americana Caterpillar. Embora a decisão decorra das dificuldades encontradas pela mineradora com a escassez de pneus para esse tipo de veículo, a substituição da frota também beneficiará a indústria nacional, com a produção dos veículos no Brasil. A intenção inicial da Vale era adquirir, ao todo, 60 veículos da Caterpillar. “Nós não podemos correr o risco de deixar de transportar nosso minério por falta de pneus para reposição dos caminhões”, justifica Rezende.
Fora-de-estrada
O segundo contrato firmado pela Vale, de R$ 6,4 milhões, representa redução de 64% dos custos da empresa com a aquisição de equipamentos para os veículos à serviço da mineradora. A nova fornecedora, a italiana Berco, também substitui a Caterpillar/Komatsu como fornecedora de produtos como esteiras, vedadores, roda guia, além de pinos e buchas.
Embora de menor valor (R$ 770 mil), o terceiro contrato, com a Amsted Maxion, vai representar economia de 70% para a Vale, uma vez que o anterior, com a Bucyrus, fora fechado por R$ 2,63 milhões. O negócio envolve a compra de sapatas para os fora-de-estrada da Caterpillar.
Gazeta Mercantil