Painelistas defendem que práticas inclusivas na mineração necessitam de ações estruturantes
19/03/24
O papel das empresas na promoção e construção de práticas mais diversas e inclusivas no setor mineral perpassa ações estruturantes e estratégicas. A conclusão foi apresentada no primeiro painel da 3ª edição da DIVERSIBRAM: Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil, promovida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), que contou com a participação de Ana Cunha, cofundadora do Movimento Pretas na Mina, diretora de Relações Governamentais e Responsabilidade Social da Kinross e coordenadora do ESG da Mineração; Carla Wilson, gerente geral da BHP Brasil e Vera Lucia, gerente geral de Desenvolvimento Humano e Organizacional na Samarco. O painel teve a moderação de Carlos Janibelli, diretor de D&I da Mosaic.
Vera Lúcia ressaltou que práticas diversas e inclusivas precisam estar de fato entre as ações estratégicas do setor. “Para isso, um dos principais desafios é elaborar medidas estruturantes. Precisamos incluir essa temática nas nossas metas e indicadores de resultados, bem como revisitar nossas políticas para incluir práticas estratégicas que garantam uma cultura inclusiva. Além disso, é fundamental ampliar a consciência de todos os níveis da empresa, especialmente da alta liderança, que precisa reconhecer a relevância desse assunto na definição de diretrizes”, afirma.
Já Carla Wilson comentou sobre a importância de buscar perspectivas diferentes também na implementação de práticas diversas. “Precisamos perceber que vamos gerar uma cultura de inovação se as pessoas, independente de idade, raça, orientação sexual e da forma como pensam, puderem trazer quem realmente são para o ambiente de trabalho. Na BHP, nós desenvolvemos uma pesquisa junto às equipes diversas e os números apontam para os benefícios: são 67% menos de incidentes de segurança, 21% mais senso de orgulho, 11% a mais de produtividade e 68% a mais de possibilidade de falar e compartilhar ideias”, pontuou. “Devemos buscar novas perspectivas, para que tenhamos condição de transformar essa indústria para o futuro”, diz.
Ana Cunha defende que não há desenvolvimento econômico sem equidade e sustentabilidade e não avançar nesses temas é um risco claro para as organizações. “Nós percebemos progressos, mas com pouca capacidade de mudança na estrutura desse cenário. Estamos olhando pouco para o avanço da qualidade. Já passamos da fase de reflexão e precisamos de fato agir para trazer benefícios estruturais”, avalia. “Precisamos trazer para o diálogo as pessoas que tomam as decisões e definem as nossas condutas para efetivamente transformar a realidade”, acrescenta.