O medo de crescer
28/04/08
Grandes negócios ganham destaque no País e mostram que nossa economia mantém seu dinamismo, apesar dos juros elevados e da crise nos Estados Unidos. Na semana passada, foi a vez de a Cosan fechar negócio para a compra dos ativos da Esso no Brasil e de a British Petroleum, uma gigantes mundiais do setor petrolífero, anunciar parceria para atuar em etanol no Brasil.Além disso, um crescente número de indústrias inaugura novas unidades e implanta projetos de expansão, impulsionadas pelo aquecimento do setor. Foi o caso do complexo petroquímico de Paulínia, em São Paulo, inaugurado sexta-feira por seus idealizadores – Braskem e Petrobras. E também do acerto final entre Oi e Brasil Telecom para formar a “supertele”.Também começam a sair do papel as duas grandes usinas do Projeto Madeira – Santo Antõnio e Jirau -, e companhias como Vale, Votorantim e CSN, entre várias outras, começam a tocar projetos bilionários que estão previstos em seus planos de expansão para os próximos anos.A lamentar, no entanto, que toda essa força mostrada pelo setor produtivo não tenha incentivos para mostrar ainda mais resultados. Ao mesmo tempo em que as empresas investem e crescem, continuam a enfrentar as duas grandes barreiras que as impedem de deslanchar: juros em alta e arrecadação tributária cada vez maior.O governo federal promete para o próximo mês um conjunto de medidas que devem desonerar segmentos do setor produtivo. A iniciativa será mais do que bem-vinda, até porque, pelo que se prenuncia, haverá benefícios principalmente para o setor exportador, que é uma área vital para o crescimento sustentado do País. No entanto, quando se anunciam medidas como a recente elevação da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual e a arrecadação tributária que bate seguidos recordes, os empresários refreiam seu impulso de investir.Há quem considere essa “parada” uma necessidade, principalmente no combate à inflação. Mas é lamentável constatar que, em um ambiente de tantos negócios, surjam instrumentos que tiram o estímulo para novas empreitadas. Certamente, esse quadro traz muito mais perdas do que ganhos.
DCI