Novos desafios para o setor de mineração
11/04/08
Mineradoras com operações na América Latina têm desfrutado nos últimos anos de um dos melhores momentos do setor na história, em termos de valor da produção, mas parecem estar convencidas de que também nunca os desafios foram tão grandes. A relativa escassez de grandes descobertas, as dificuldades políticas e de regulamentação da atividade na região, custos de operação em elevação com projetos em áreas remotas e falta de mão-de-obra capacitada estão entre os principais problemas apontados por executivos após três dias de debates no Chile, no Fórum Internacional de Exploração na América Latina e na Conferência Mundial de Cobre. “Há um enorme desafio relacionado ao conhecimento geológico, capacitação de pessoas para operações cada vez mais complicadas”, disse John Thompson, vice-presidente de tecnologia e desenvolvimento da Teck Cominco. Ele citou projetos em áreas remotas e em locais de elevada altitude e disse ser essencial avançar no que chama de “geometalurgia”. “Conhecer a fundo os depósitos, sua potencialidade, oferece otimização da atividade de mineração. Um profissional com conhecimento apenas mediano não reconhece o real potencial produtivo ao olhar para uma rocha.” Raymond Jannas, vice-presidente de geologia e exploração da Hochschild Mining, disse que grandes descobertas estão cada vez mais raras. Citando números do Metals Economics Group (MEG), ele disse que caíram de 32, no período de 1996 a 2000, para apenas 12, de 2001 a 2006. “Para o futuro, os investimentos terão que crescer. A exploração deverá ocorrer em áreas mais profundas e em novos espaços, talvez o fundo marítimo.” “É um momento de desafios para a indústria de mineração”, disse Eduardo Jorge Ledsham, diretor de desenvolvimento de projetos minerais da Vale. “Há maior competitividade, maior disputa por áreas de exploração.” Hugh Callaghan, presidente do conselho da australiana Tamaya Resources, disse que praticamente todos os principais itens de gastos subiram. Ele cita combustíveis, insumos como ácido sulfúrico, frete, mão-de-obra e também os royalties cobrados pelos governos, que querem elevar a fatia nos ganhos com recursos naturais em meio à alta dos preços. “O nacionalismo nos recursos naturais está aí e veio para ficar, gostemos ou não dele”, disse Callaghan.
Gazeta Mercantil