Novelis expande operações no Brasil
26/05/08
A expansão da economia brasileira e de outros países da América do Sul trouxe ao Brasil na semana passada, por dois dias, Martha Finn Brooks, presidente e diretora de operações da Novelis. A companhia é a líder mundial na fabricação de chapas e na reciclagem de alumínio, com produção anual em torno de 3 milhões de toneladas de laminados e receita na casa de US$ 11 bilhões. O aumento da demanda na região, em especial no Brasil, fez a Novelis aprovar nova onda de investimentos no país para atender o crescimento de vários setores, como embalagens para bebidas, transportes, construção civil e bens duráveis, e para oferecer produtos de maior valor agregado para novas aplicações.”O ambiente no Brasil, no momento, é muito bom”, disse a executiva ao Valor. Martha finalizou os detalhes de um plano de investimento de US$ 30 milhões em um ano e meio com a equipe da filial brasileira, comandada por Tadeu Nardocci, presidente na América do Sul. Esse dinheiro será aplicado, na maior parte, para elevar a capacidade da fábrica de Pindamonhangaba (SP), que passará de 300 mil para 400 mil toneladas de produtos acabados (chapas usadas para fazer de latinhas para cervejas, telhas, utensílios domésticos e carrocerias de ônibus). No mesmo local, o centro de reciclagem de alumínio praticamente vai dobrar de tamanho, de 80 mil para 150 mil toneladas. O Brasil é campeão mundial na reciclagem de latinhas de alumínio, com mais de 95% de recuperação de embalagens usadas e esse material, além de consumir só 5% de energia em relação à produção de um lingote novo a partir do minério, é uma importante fonte de matéria-prima para a Novelis. No pacote de recursos, a companhia traz uma plataforma de novas tecnologias, denominada Fusion, para poder aumentar seu portfólio de produtos. Criada e patenteada pela Novelis, a tecnologia permite obter da placa do metal chapas com diferentes tipos de ligas. Com isso, pode-se ampliar o leque de aplicações. A fábrica de Ouro Preto será a quarta no mundo a ter a Fusion, após EUA, Suíça e Coréia do Sul. Segundo Martha, o mercado interno tem crescido rapidamente, puxado pelo aumento da renda. O senão, aponta ela, é o câmbio, que afeta a competição das brasileiras no exterior. A filial embarca 25% da produção, principalmente para América do Sul, além de vendas para o Oriente Médio.”A prioridade do investimento é para suportar o crescimento do mercado brasileiro e da região sul-americana”, afirmou a executiva, que foi mantida à frente da empresa desde que surgiu, em janeiro de 2005, de uma cisão dos negócios de produtos laminados de alumínio da canadense Alcan e mesmo ao ter seu controle passado a indiana Hindalco no ano passado. Com a Novelis, a indiana tornou-se uma gigante mundial do setor de alumínio e metais, com receita na casa de US$ 14 bilhões, incluindo a divisão de cobre. No Brasil, a Novelis opera duas fundições de alumínio – Ouro Preto (MG), integrada do minério ao metal primário, e Aratu (BA) -, que fazem 109 mil toneladas por ano; o centro de reciclagem e a laminação em Pinda, a maior do país e única de chapas para latas de alumínio; e uma unidade folhas em Santo André (SP). A receita, no ano fiscal encerrado em 31 de março de 2007, foi de US$ 863 milhões. De abril a dezembro, alcançou US$ 731 milhões, com produção de 255 mil toneladas de laminados, 10% a mais que em igual período de 2006. É nesse índice que cresce o mercado brasileiro.A presidente da Novelis informou ainda que outro investimento será definido em breve – 30 a 40 dias. No caso, para a geração de energia. Destina-se a montar duas novas hidrelétricas: Jurumirim, com 48 MW de potência, e Nova Brito, com 23 MW (na verdade, reconstrução total de Brito, uma PCH de 2 MW). “Nosso objetivo é garantir 100% de energia própria no consumo da fundição de Ouro Preto, hoje de 60%”, diz Nardocci. A empresa opera oito pequenas usinas e tem metade da hidrelétrica de Candonga. Ao todo, somam 117 MW. “É uma estratégia ofensiva para reduzir custos e ganhar mercados e também de defesa”, diz Martha, explicando que energia é o fator mais crítico da indústria do alumínio.
Valor Econômico