Novelis cresce 37% no Brasil em 2006
11/04/07
Patrícia Nakamura11/04/2007
Em meio a venda de ativos e a discussão sobre seu futuro novo proprietário, a operação brasileira da Novelis alcançou faturamento de US$ 863 milhões no ano passado, um aumento de 37% em comparação a 2005. O resultado correspondeu a 8% da receita mundial da empresa (de US$ 9,8 bilhões), que em fevereiro foi comprada pelo grupo indiano Hindalco. A produção de laminados de alumínio passou de 261 mil toneladas em 2005 para 278 mil toneladas, no ano passado. Globalmente, foram produzidas 2,9 milhões de toneladas de laminados.
A aquisição foi o mais recente capítulo da curta e movimentada história da Novelis, criada em 2005 a partir da cisão dos negócios de laminados da antiga Alcan. Mergulhada em dívidas – quase US$ 3 bilhões – passou os últimos dois anos fechando divisões e vendendo ativos ao redor do mundo.
No Brasil não foi diferente. No ano passado, a venda da participação do projeto hidrelétrico Caçu-Barra dos Coqueiros, em Goiás, para a Açominas, empresa do grupo Gerdau, e sua participação na Petrocoque, produtora de coque calcinado para a indústria de alumínio, rendeu cerca de US$ 35 milhões, que foram direto para a matriz.
“O bom desempenho das operações nos deu tranqüilidade ao longo das negociações com a Hindalco”, afirmou ao Valor Roberto Rocha, diretor de operações da unidade de Pindamonhangaba e de laminados da empresa.
Como a compra pela Hindalco não foi formalizada – ainda deve ser submetida às autoridades de defesa da concorrência nos Estados Unidos – planos de novos investimentos não foram aprovados. Também pouco se comenta sobre as diretrizes a serem adotadas pelos novos donos.
Mas a atual configuração da subsidiária local agradou ao comando indiano. A Novelis brasileira decidiu permanecer com as reservas de bauxita, a produção de alumínio primário e uma participação de 50% na usina Risoleta Neves (antiga Candonga) e outras oito pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). A Novelis também tinha interesse em se desfazer desses ativos no ano passado, mas acabou desistindo da venda por falta de interessados.
Dessa forma, a operação brasileira se assemelha ao perfil da Hindalco, que tem produção integrada de alumínio. “Esses ativos fazem sentido dentro do novo grupo”, afirmou Rocha. A manutenção das atividades primárias – num momento em que o alumínio está sendo negociado nos mais altos patamares históricos – ajuda na competitividade das laminadoras da empresa, em Santo André e Pindamonhangaba (ambas em São Paulo). Só no ano passado as vendas externas subiram 11%, para 82,6 mil toneladas. Os principais mercados foram a América Latina e o Oriente Médio.
Aos 30 anos de idade, a fábrica de Pindamonhangaba é a principal unidade de produção da Novelis no país. Só o seu centro de reciclagem foi responsável no ano passado pelo processamento de 80 mil toneladas de latinhas de bebidas e outras sucatas de alumínio. Mais 35 mil toneladas de latinhas são processadas pela unidade da Aleris, que fica em frente à usina da Novelis.
A unidade de Pindamonhangaba, de acordo com Rocha, deflagrou a partir da década de 1990 a indústria da reciclagem de latas no país, levando ao município dezenas de centrais de reciclagem – a ponto de lhe render o título de capital nacional da indústria de alumínio. A atividade de reciclagem envolve mais de 160 mil pessoas e o quilo de latas pode render até R$ 3,50. Infinitamente reciclável, uma latinha sai do lixo e volta a virar embalagem em um mês.
Valor Econômico