Nova reserva elevará oferta nacional de bentonita
21/12/06
Patrick Cruz21/12/2006
;
Pouco conhecida do grande público, a bentonita é um mineral utilizado em áreas tão distintas quanto a siderurgia e a higiene de animais domésticos, com mercado que movimenta US$ 300 milhões ao ano no Brasil e que está prestes a passar por uma reviravolta. Hoje, mais de 70% da produção nacional concentra-se na Paraíba, mas, após 20 anos de pesquisa, uma ocorrência do minério na região de Vitória da Conquista (BA) vai passar a produzir comercialmente em 2007.
Por meio da subsidiária Companhia Brasileira de Bentonita (CBB), a Geosol, uma das principais empresas do país em prospecção de minério de ferro, está trabalhando na reserva localizada em Pradoso, distrito de Vitória da Conquista, distante 550 quilômetros de Salvador. Segundo os prognósticos, as reservas terão vida útil de mais de 50 anos e permitirão extrair pelo menos 60 mil toneladas por ano, um terço de toda a bentonita retirada do solo brasileiro atualmente. “E essa é uma estimativa conservadora”, diz Claret Rodrigues da Cunha, presidente da Geosol.
A ocorrência do mineral não-ferroso na região sudoeste da Bahia foi detectada pelos técnicos da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) em meados dos anos 80. Em 2003, a Geosol contratou uma consultoria para encontrar alternativas de obtenção de bentonita no país. Naquele momento, a concessão para a exploração da área em Pradoso estava nas mãos da CBB, empresa que acabou sendo comprada pela Geosol.
Para a empresa, que presta serviços na área de geologia, uma das utilidades do mineral é o reforço da estrutura dos furos feitos pelas sondas – com sua propriedade de “inflar” quando em contato com a água, a bentonita serve como uma espécie de capa protetora desses furos. “O interesse era também encontrar bentonita para pelotização”, diz Cunha, referindo-se ao processo em que frações bastante finas obtidas com o beneficiamento do minério de ferro são transformadas em esferas.
O estudo geológico, já concluído, levou à estimativa – também conservadora, segundo Cunha – de existência de 3,7 milhões de toneladas em reservas. Todo o projeto, incluindo a unidade de beneficiamento, consumirá R$ 20 milhões. Boa parte da obra já está concluída. Os recursos ainda necessários serão financiados pelo Banco do Nordeste (BNB). A assinatura do contrato entre Geosol e BNB, de R$ 13,9 milhões, foi feita na quinta-feira passada.
A subsidiária da Geosol ainda precisa avaliar com mais exatidão quanto de cada tipo de bentonita há na sua reserva. Desse trabalho depende o fechamento dos contratos com os eventuais compradores. A depender da consistência e do tipo de bentonita, o mineral pode ser aproveitado na pelotização de minério de ferro, perfuração de poços de petróleo, feitura de moldes para a siderurgia, indústria cerâmica, como agente aglomerante de ração animal e até como granulado sanitário para a urina de gatos de estimação.
;
A Geosol estima que consumirá 10% do volume retirado da área. O mercado nacional consome quase 300 mil toneladas ao ano. Quase dois terços desse volume é produzido no país. O restante é importado, principalmente da Argentina e da Índia, o que abre espaço para que a produção na Bahia substitua parte das importações. O preço da bentonita in natura no mercado externo é de US$ 100 por tonelada.
Valor Econômico